Categorias: Concursos Públicos

Escalada de montanha e concurso público: os desafios de quem já passou

Meu nome é Fabrício Rêgo, sou professor do Estratégia Concursos e coautor do livro Lei do Processo Administrativo Federal Esquematizada, publicado pelo Grupo GEN/ Editora Método.

Recentemente tive duas experiências com trekking de montanha no Quênia, África, que estão até hoje reverberando em mim. Trekking de montanha nada mais é do que escalar o cume de uma montanha sem utilizar técnicas avançadas de alpinismo, encordamento, etc. Das experiências, ainda estou colhendo ensinamentos, alguns entre os quais posso correlacionar com a preparação para concurso até chegar o dia da posse do tão sonhado cargo.

Se você iniciou sua leitura imaginando que este é mais um simples texto motivacional e que, no fim, concluirei o óbvio: “escalar montanha é tão desafiador quanto ser aprovado em concurso público”, é com prazer que informo estar enganado! Se prepare, respire, e me acompanhe nessa jornada.

Entre as montanhas, darei maior relevo ao Monte Quênia, que é a segunda montanha mais alta do continente africano, só perdendo para o Monte Kilimanjaro. Escalei o Ponto Lenana, com altitude de 4.985 metros acima do nível do mar, algo em torno de 55 km entre subida e descida. A jornada durou 5 dias no total e contou com a força de 3 peças-chaves: um guia, Josaphat, um cozinheiro, Anthony e o carregador Martin, todos quenianos e exímios montanhistas.

Os três primeiros dias de subida foram bem tranquilos, com caminhadas até compreensivas, embora não tão curtas. Isso teve um motivo: necessidade de aclimatar, ou seja, adaptar o corpo à altitude de forma moderada. Na altitude o nosso corpo funciona de forma diversa, pois o ar tem menos oxigênio, a pressão atmosférica é maior. Quanto mais gradual a subida, melhores são as chances de sucesso na expedição e menos o corpo sente as reações adversas à altitude, que são dores de cabeça, náuseas, falta de apetite e outras. No entanto, como nosso corpo é adaptável, ele se sai bem no processo.

Nas minhas preparações para concurso sempre prezei pela gradação na dose inicial de estudos a fim de me adaptar à mudança de rotina, sobretudo quando retomava após um tempo parado. Dessa forma, nunca iniciei meus estudos pré-edital de forma extrema.

Antes de iniciar, contudo, prudente fazer um planejamento, analisar suas ferramentas disponíveis, se equipar, se informar sobre a montanha, qual a tendência de clima para os dias, etc. O mesmo no caso do concurso público, como você já deve saber. Convido-os a ler o nosso artigo:

Planejamento de estudos para a Câmara dos Deputados e Senado Federal

Assista ao Aulão Carreiras Legislativas: Senado e Câmara

Aqui já correlaciono uma estratégia de constante utilização também na montanha: sempre economizar energia. Mas não é só economizar, é saber que você ainda tem margem de sobra antes de dar o seu máximo. Ou seja, eu me esforçava, colocava energia na caminhada e, apesar de bem preparado fisicamente, preferia dosar na medida de energia gasta. O pressuposto, para tanto, é que eu não sabia o grau de dificuldade da montanha, quanto ela exigiria de mim dali pra frente. Essa tática foi muito boa, pois de fato nas últimas 3h de ataque ao cume eu necessitei de muito mais força e quase chego ao meu limite.

Na preparação de concurso com edital já publicado essa não se mostra uma estratégia útil. No entanto, em concursos pré-edital, como no atual caso do Senado e Câmara, talvez seja algo a ser considerado como medida de prudência. Veja: estaremos sim, desde já, estudando com disciplina, foco, dedicação, mas sem dar ainda o nosso máximo de energia para o processo. Caso você resolva desde já aplicar toda sua força, as chances de gastar sua energia antes da hora e perder o timing do gás total é bem grande, o que poderá custar a sua vaga no concurso. É importante ter essa dosagem na preparação, pois um concurso pré-edital é imprevisível e nossa meta é chegar lá com vida!

Pessoalmente considero que o momento ideal para engajar toda a energia possível, chegar no nível de alto rendimento, é no dia de ataque ao cume, ou seja, com edital publicado. Até aqui eu estive mantendo uma preparação ótima e, a partir de agora, partirei para uma preparação excelente.

Durante todos os momentos da subida sempre fui orientado pelo guia a respirar bastante, observar as reações do meu corpo à medida que subíamos, descansar sempre que necessário. No seu dia a dia de estudos é fundamental aplicar esses conselhos, também. Primeiro, esteja sempre observando se o estudo está rendendo, se a forma de estudar está correta, se tem aprendido e progredido no processo de aprendizado e, claro, alinhado ao que já falei: se tem relaxado com a família e amigos ao menos por um dia da semana.

No dia de ataque ao cume acordamos às 2h da manhã (lá o fuso são 6 horas à frente do Brasil), para iniciar a caminhada às 3h. Era a subida final, os últimos 3km acima, mas numa razão de 700 metros subindo. É um momento de testar limites físicos, psicológicos, pois a cada passo acima ficava mais difícil dar o próximo passo, mais energia era necessário para a tarefa. A todo momento era preciso parar e respirar, retomar as forças e continuar subindo. O nível de concentração nas reações do corpo, no ar que respira e na montanha estava altíssimo.

Assim também é na preparação, sobretudo para quem já está há um certo tempo estudando. Nessa fase final é necessário, ainda mais, a concentração do candidato a uma vaga no serviço público. Aqui estamos com o psicológico à flor da pele, há uma pressão pela aprovação, já bastante cansados da rotina de estudos, por isso é importante se respeitar. Parar, respirar, focar no cume e buscar forças para o próximo cargo. Todos passamos por isso, você não é o único ser especial a quem foi dada essa pesada tarefa.

Outro ponto fundamental na expedição foi a confiança no trabalho da equipe. Dentre os meus ajudantes, destaco a função do guia: montanhista experiente, a despeito da pouca idade, já subiu a montanha diversas vezes, conhece cada trilha dela, sabe como lidar com as diversas situações que podem ocorrer naquele ambiente inóspito. O guia sabe em qual ponto o montanhista precisa se esforçar mais, onde realizar paradas, quais estratégias usar em caso de mudança climática. Diante desse cenário, o que restava a mim, pobre caminhante tentando chegar ao cume da montanha? Confiar no guia e na equipe!!

O mesmo para os nossos professores, são nossos guias até a aprovação. São pessoas que, da mesma forma, possuem experiência no campo dos concursos. Calejados em formas de estudos, preparação, realização de provas e, claro, em aprovação. Eles nos guiam ao cume. É certo que para chegar lá a maior energia é nossa, é imprescindível nosso esforço, preparação, concentração e ritmo, mas o guia torna a subida mais segura, mais plausível.

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Não menos importante foi a atuação do de Anthony e Martin. À função deles relaciono nossa família e amigos, sem o apoio dos quais a jornada torna-se bem mais difícil.

Finalmente chega o cume. Atingimos os 4.985 metros às 6h13. É um momento inenarrável chegar lá e, literalmente, ver se abrir à sua frente novos horizontes. No caso do Monte Quênia, em dias de bom tempo, como no meu caso, é possível enxergar o Monte Kilimanjaro a olho nu a uma distância de mais de 300km.

Atingido o cume, acabou a jornada, não é?! Tudo está mais lindo, mais fácil! Infelizmente não é assim. Você está no topo da montanha, é preciso descer tudo de novo e isso não se dá num passe de mágica, o que é uma pena. A descida, ao contrário do que muitos podem pensar, é tarefa não menos árdua. Primeiro pelo acumulado de cansaço dos dias anteriores, desgaste emocional. Depois porque exige muito do corpo, não é à toa que muitos voltam diretamente pra hospitais. Além de tudo é angustiante olhar o próximo acampamento lá embaixo, onde iremos parar para comer, descansar, mas saber que ainda falta uma hora de descida até chegar a ele.

Da mesma forma é o pós-aprovação, que pode ser bem estafante. Isso porque na maioria das vezes você permanece estudando para outros concursos, mas já não sente aquele gás todo, pois possui uma aprovação e sabe que em questão de tempo será chamado. Então, há uma exigência psicológica e física da mesma forma, mas anda pior, pois está somada ao desgaste já acumulado. Aqui, nesse caso, é aconselhável fazer uma pausa, descansar, se recompor, mas não por muito tempo, caso contrário o pique vai embora. Essa fase, no concurso, pode levar ainda um tempo, e aqui é a hora do candidato demonstrar sua força emocional, principalmente se estava se dedicando exclusivamente aos concursos.

Pois bem, amigos, procurei dar uma visão bem realista, sob meu foco, na duas expedições: a subida a um cume e a aprovação em concurso. Você pode achar desanimador ler tudo isso, pois tem um foco na realidade do cansaço físico e emocional de ambas as situações. No entanto, saiba que em ambos os casos, quando voltamos à planície, é indescritível a sensação!!!!

É revigorante saber que você teve toda aquela força para subir uma montanha ou ser aprovado no concurso, força que talvez você nem conhecesse antes. Resta no peito uma enorme sensação de orgulho, de dever cumprido! Uma sensação de que os desafios são apenas o tempero que fazem nossa vida valer a pena, vez que depois da jornada vem toda a recompensa. Em ambos os casos, só vivendo para saber o que é a sensação maravilhosa que toma nossa vida daí pra frente!

Boa sorte na sua jornada, saiba que pode contar comigo para te guiar!

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  • Caramba, excelente texto professor, estou estudando há dois anos forte pro concurso PRF, e realmente cheguei a sentir "overtrainning" rsrs, reduzi, mantive, revisão, muitas questões e saindo o edital, vem o sprint final, o gás total, afinal, a vida ao redor, família, emprego, vida social, não para, e com certeza colocar energia na hora certa e chegar forte no dia da prova é o bizu máximo.

  • Perfeita essa analogia, professor... Os limites somos nós quem nos colocamos. Tenho muita vontade de fazer uma expedição dessa no futuro, portanto espero chegar a esses dois cumes. Abraços e agradeço por compartilhar sua experiência.

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