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Como interpretar uma pesquisa eleitoral?

Você já deve ter se perguntado como funcionam as pesquisas eleitorais. Muitas pessoas, que nunca estudaram Estatística, questionam as pesquisas eleitorais porque “apenas” 2 mil e poucas pessoas são entrevistadas.

Logo se perguntam: como pode uma pesquisa com 2 mil pessoas descrever o que acontece com uma população formada por milhões de pessoas?

E antes de me aprofundar um pouco, te garanto uma coisa: o problema não é o fato de a pesquisa ser feita com uma amostra de 2 mil pessoas. O problema está no fato de que no Brasil tudo é comprado e manipulado.

Em outras palavras, a Estatística possui ferramentas poderosas para inferir conclusões sobre uma população de milhões de pessoas a partir de uma amostra “pequena” de 2 mil pessoas. Se o instituto de pesquisa seguir as regras da Estatística Inferencial, os dados serão bastante precisos.

Inferência é algo que todo mundo já fez na vida. Ao verificar se uma sopa está salgada ou insossa, não é necessário tomar toda a sopa. Ao fazer um exame de sangue, por exemplo, não é necessário tirar todo o sangue. A informação sobre o todo é extraída de uma amostra.

Claro, nem sempre é tão simples assim, já que, às vezes, como é o caso das pesquisas eleitorais, o todo sobre o qual queremos uma informação é mais complexo, mais heterogêneo que a sopa ou o sangue.

Em uma pesquisa para as intenções de voto para prefeito, não basta o pesquisador tomar as opiniões somente dos moradores dos Jardins (em São Paulo) ou em Casa Forte (em Recife). O resultado da eleição nesses bairros ricos, pode ser diferente do resultado em bairros mais pobres. A pesquisa só serviria para termos uma noção da intenção de voto naqueles bairros, e não na cidade como um todo.

É aqui que entra a Estatística Inferencial. Na inferência estatística, o todo é denominado população; o “pedaço” é denominado amostra. Portanto, a estatística inferencial trata de, a partir da amostra, obter informações sobre a população.

Quando o número de elementos na amostra é muito pequeno em relação ao tamanho da população, dizemos que a população é infinita. Vejamos, por exemplo, as pesquisas eleitorais: há milhões de eleitores e os institutos de pesquisa entrevistam mil, 2 mil pessoas e conseguem praticamente acertar os resultados.

O valor da população, chamado parâmetro populacional, é desconhecido. O que é possível de se obter é um valor da amostra, que supostamente nos dá uma idéia do valor correto (populacional) do parâmetro.

E agora vamos ao tópico deste artigo. O que significa dizer, por exemplo, que determinado candidato tem 38% das intenções de voto com uma margem de erro de 2 pontos percentuais para mais ou para menos com uma confiança de 95%?

Ora, a pesquisa construiu um intervalo de confiança para a proporção. O intervalo de confiança, neste caso, vai de 36% a 40%.

Não podemos garantir que a proporção de pessoas que votam no candidato CERTAMENTE está entre 36% e 40%. Tampouco podemos dizer que a probabilidade de esta proporção estar neste intervalo seja de 95%.

Explico melhor: se fizéssemos inúmeras pesquisas (inúmeras amostragens), em 95% delas o valor da proporção estaria no intervalo.

Assim, se fosse possível realizar 1.000 amostragens diferentes e no mesmo instante, em 950 delas a real proporção cairia no intervalo construído. Assim, no exemplo dado, dizemos que com 95% de confiança a proporção de votos favoráveis ao candidato está no intervalo (36%,40%).

Imagine, por exemplo, que uma pesquisa indica que um candidato tem 36% das intenções de voto e o outro candidato tem 33% das intenções de voto com uma margem de erro de 2%.

Neste caso, o intervalo de confiança do primeiro candidato é (34%, 38%) e o intervalo de confiança do segundo candidato é (31%, 35%). Como estes intervalos se superpõem, dizemos que há um empate técnico.

Aproveito o ensejo para mostrar a SUPER PROMOÇÃO preparada pelo Estratégia para amanhã e segunda-feira, logo após a apuração dos votos. Clique aqui para saber mais.

Um forte abraço e bons estudos!

Guilherme Neves

Instagram: @profguilhermeneves.

 

 

Guilherme Neves

Ver comentários

  • Obrigado pela mini aula, professor! Como contraponto, além do que o senhor comentou de que tudo é comprado no Brasil, ainda há a imensa massa territorial onde os pesquisadores NÃO ENTRAM para fazer as pesquisas. É o caso das favelas, dos rincões longínquos, da colossal faixa de fronteira do País. Nesses lugares, dos contatos que obtive, o pessoal relata que o 1º lugar nas pesquisas atuais é o preferido, praticamente não sendo lembrado o candidato que está em 2º lugar, o que causa estranheza pela relativa pouca diferença percentual entre os dois candidatos nas intenções de voto divulgadas. Enfim, dadas as dimensões continentais do País, acredito que mesmo 2.000 pessoas sejam pouco representativas em face da diversidade territorial. Um abraço!

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