“Trabalhei por um ano em uma empresa e fiquei bastante insatisfeito com as condições de trabalho e a remuneração. Tinha uma jornada exaustiva, por vezes ficava na fábrica até de madrugada e tinha que trabalhar no dia seguinte. Sabendo das condições de trabalho e da remuneração mais interessante no serviço público, pedi demissão da empresa e comecei a estudar pra concurso…”
Confira nossa entrevista com Murilo Oliveira Borges, aprovado em 11º lugar no concurso PRF-MA:
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam te conhecer melhor. Você é formado em que área? Qual sua idade? De onde você é?
Murilo Oliveira Borges: Me chamo Murilo, tenho 31 anos, sou formado em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI), sou natural de Anápolis/GO.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos? Por que a área Policial?
Murilo: Após me graduar em Dezembro de 2015, trabalhei como trainee em uma grande empresa no Brasil que atua na área de mineração e metalurgia. Trabalhei por um ano nessa empresa e fiquei bastante insatisfeito com as condições de trabalho e a remuneração. Tinha uma jornada exaustiva (chegando a trabalhar mais de 60 horas na semana), por vezes ficava na fábrica até de madrugada e tinha que trabalhar no dia seguinte. Ou seja, fazia hora extra e a remuneração era sempre a mesma. Sabendo das condições de trabalho e da remuneração mais interessante no serviço público, pedi demissão da empresa e comecei a estudar pra concurso. Inicialmente, tentei o concurso da Aeronáutica para continuar trabalhando na minha área (Engenharia Mecânica), mas devido à escassez de concursos nessa área específica e conhecendo mais sobre a carreira policial, optei por seguir esta última.
Estratégia: Durante sua caminhada como concurseiro, você trabalhava e estudava (como conciliava trabalho e estudos?), ou se dedicava inteiramente aos estudos para concurso?
Murilo: Após pedir demissão do meu emprego em Fevereiro de 2017, havia guardado um pouco de dinheiro. Usei este dinheiro para me manter enquanto apenas estudava para concursos. Naturalmente que este dinheiro não durou por muito tempo, e contei com a ajuda dos meus pais para me ajudar financeiramente nessa época. Assim, continuei apenas estudando até passar no concurso da PRF em 2019.
Estratégia: Quantos e em quais concursos já foi aprovado? Qual o último? Em qual cargo e em que colocação?
Murilo: Fui aprovado somente no concurso da PRF de 2019. Este concurso foi regionalizado e me inscrevi para o estado do Maranhão. Neste concurso de 2019, o estado do Maranhão teve a maior nota de corte geral (prova objetiva + prova discursiva) para ficar dentro das vagas da ampla concorrência (no caso eram 13). Com a publicação da nota da redação, fiquei em 11º colocado.
Estratégia: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados/classificados na primeira fase do certame?
Murilo: O sentimento é de gratidão. Tenho para mim que passar num concurso não basta apenas uma boa preparação, pois muitos candidatos extremamente bem preparados acabam não sendo aprovados. Existe um fator de sorte em muitos casos. Mas isso não quer dizer que o peso de uma boa preparação não é relevante, muito pelo contrário.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social?
Murilo: Adotei uma postura radical. Mantinha o mínimo contato com os amigos mais próximos, o contato com minha família (por telefone) era controlado e os momentos de lazer com minha esposa também (e isso a deixava um pouco brava rs). Isso não quer dizer que ficava estudando o dia todo e não relaxa em momento algum. Obviamente, tinha as pausas nos estudos durante a semana, e nos finais de semana diminuía a intensidade dos estudos e relaxava um pouco com atividades moderadas, sempre de forma controlada, por exemplo: se saia pra tomar um açaí com minha esposa, não ficava horas fazendo isso. No caso, uma hora era mais que o suficiente.
Estratégia: Você é casado? Tem filhos? Namora? Mora com seus pais? Sua família entendeu e apoiou sua caminhada como concurseiro? Se sim, de que forma?
Murilo: Sou casado (moro com minha esposa) e não tenho filhos. Sempre tive total apoio dos meus pais, irmãos e esposa. Naturalmente minha esposa sofria um pouco mais com todas as restrições e controle de tempo. Mas ela sempre entendeu perfeitamente e opinava quando eu estava exagerando demais; assim a gente ia levando.
Estratégia: Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior?
Murilo: Acredito ser válido fazer outros concursos que não sejam o foco naquele que realmente quer, tanto para ir pegando a prática de fazer concursos e se submeter à pressão das provas, como para tentar outros com o intuito de passar mesmo e ficar numa situação um pouco melhor. Mas tudo deve ser analisado: se eu passar nesse concurso que não é meu foco, eu vou assumir? Se assumir, vai dar pra continuar estudando para outros concursos? Quais as matérias em comum entre estes concursos secundários e o concurso prioritário? Vou estar perdendo tempo estudando matérias que não caem naquele concurso que é a minha prioridade? Enfim, uma série de questões. Tenho a pretensão de, em breve, começar a estudar para a Receita Federal.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao concurso que foi aprovado?
Murilo: Comecei a estudar para a PRF em Outubro de 2018 e a prova ocorreu no começo de Fevereiro de 2019. Eu já vinha estudando para a Polícia Federal desde Abril de 2018, quando o certame ocorreu em Setembro de 2018.
Estratégia: Chegou a estudar sem ter edital na praça? Durante esse tempo, como você fazia para manter a disciplina nos estudos?
Murilo: Estudei para a PRF ainda sem ter edital publicado. Creio que para passar num concurso federal é essencial começar a estudar antes do edital ser publicado. Minha disciplina sempre foi a mesma quando não havia edital, afinal de contas, eu apenas estudava e isso me colocava uma pressão muito grande como se tivesse a obrigação de passar quando fosse fazer a prova.
Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? Aulas presenciais, telepresenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas? Quais foram as principais vantagens e desvantagens de cada um? Como conheceu o Estratégia Concursos?
Murilo: Usei o material do Estratégia para estudar para o concurso da PRF. Além disso, comprei outros materiais voltados para matérias específicas e de grande peso no concurso. No caso do material do Estratégia, eu sempre gostei dos PDFs. Conheci o Estratégia Concursos pela internet e através de amigos.
Estratégia: Uma das principais dificuldades de todo o concursando é a quantidade de assuntos que devem ser memorizados. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso? Falando de modo mais específico: você estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas? Costumava fazer resumos? Focava mais em exercícios, ou na leitura e releitura da teoria? Como montou seu plano de estudos? Quantas horas por dia costumava estudar?
Murilo: Sempre estudei várias matérias ao mesmo tempo. A quantidade de matérias que estudava variava de acordo com o número de matérias de cada concurso. Além disso, influenciava também o conhecimento prévio nas matérias. Exemplo: sou formado em Engenharia, logo matérias como Física e Matemática eu deixava pra estudar em datas mais próximas da prova. Por isso não acho que exista um número ideal de matérias a serem estudadas concomitantemente, isso vai depender da disponibilidade de tempo, do concurso para o qual está se preparando, dos conhecimentos prévios e de outros fatores. Para estudar matérias que eu não tinha nenhum conhecimento prévio, eu fazia resumos no computador (acho muito mais rápido e prático pra revisar do que o caderno); fazia exercícios por meio de site de questões e fazia revisões periódicas. Como não trabalhava, minhas horas líquidas giravam em torno de 8 horas nos dias de semana e 6 horas nos finais de semana. Não ficava sem estudar nos finais de semana, apenas reduzia a intensidade (esse era o descanso).
Estratégia: Você tinha mais dificuldades em alguma(s) disciplina(s)? Quais? Como você fez para superar estas dificuldades?
Murilo: Existiam matérias que eu não tinha conhecimento algum ou muito pouco, como as disciplinas na área do Direito. Para superar essa falta de conhecimento eu estudava essas matérias com mais periodicidade, fazia resumo durante o estudo delas e resolvia questões.
Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova? E véspera de prova: foi dia de descanso ou dia de estudo?
Murilo: Na véspera da prova eu relia meus resumos, fazia questões e, se em alguma matéria faltava muita coisa pra estudar, lia uma vez o PDF pra não ir pra prova sabendo pouco de um assunto. Nessa fase, procurava não me estressar, mas tentava manter o ritmo de estudos sem aumentar o descanso.
Estratégia: No seu concurso, tivemos, além das provas objetivas, as provas discursivas. Como foi seu estudo para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Murilo: Para o concurso da PRF especificamente eu não me preparei muito para a redação, pois havia feito anteriormente uma boa preparação para redação em concursos públicos em um curso presencial em Goiânia. Acho que foi um período que me preparei com qualidade e intensidade por um ano, por isso todo o aprendizado ficou bem consolidado e não precisei gastar muito tempo com isso pra PRF. Essa preparação prévia foi de grande peso para mim.
Estratégia: Como foi (ou está sendo) sua preparação para o TAF e para as demais etapas?
Murilo: Não precisei perder muito tempo me preparando para o TAF, pois por um longo período da minha vida eu pratiquei exercícios físicos (sempre joguei muito futebol até os 18 anos, depois fiz musculação por vários anos e por último cheguei a participar de corridas de rua). Por isso deixei pra treinar pro TAF depois de saber da minha aprovação na objetiva. Mas para quem não tem muito preparo físico, não recomendo deixar para última hora para não correr riscos de uma reprovação no TAF. Vi pessoas caírem no TAF e foi perceptível a decepção pessoal delas.
Estratégia: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação (se é que houve), quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS?
Murilo: Existem coisas que a gente aprende somente depois que faz algo errado. Inicialmente, fazia resumos escritos a mão em caderno (o que considero um erro). Só depois que passei a fazer resumo no computador que percebi o quão mais rápido e prático as coisas se tornaram. Com os resumos no computador a busca por uma anotação fica muito mais fácil, o armazenamento das informações fica mais organizado e a execução do resumo é muito mais rápida. Assim, os maiores acertos foram:
Estratégia: O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação? Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, como fez para seguir em frente?
Murilo: No começo não foi fácil, pois me vi estudando muita matéria que não tinha conhecimento algum, estava desempregado e não tinha nenhuma perspectiva de aprovação. Mas com a disciplina e empenho nos estudos, fui ganhando confiança ao começar a entender as matérias, ao acertar mais questões e ao fazer melhores pontuações nos simulados. Isso tudo foi me incentivando a estudar mais e a me sentir mais confiante.
Estratégia: Qual foi sua principal motivação?
O fato de eu estar desempregado me colocava numa situação em que eu exigia muito de mim. Assim, sempre procurava estudar mais até atingir uma carga horária relevante, mas sempre me atentando para a qualidade dos estudos. No dia que estudava “apenas” 6 horas líquidas, eu refletia porque não consegui as 8 ou 9 horas desejadas naquele dia. Daí procurava mitigar os gargalos e verificava ao mesmo tempo se estava conseguindo reter o conhecimento (verificava por meio de simulados) quando conseguia bater a meta de carga horária. Além disso, as notas nos simulados serviam de grande estímulo para estudar mais. Quando ia mal em um simulado, ficava muito decepcionado, mas revertia essa decepção em vontade de estudar mais pra tirar uma nota melhor logo na próxima semana. Marcava os nomes de algumas pessoas que ficavam em melhores posições nos rankings dos simulados e visava sair melhor que elas nos próximos. Isso me estimulava muito.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso. Deixe-nos sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Murilo: Mesmo quem nunca estudou para concurso sabe que não é fácil chegar na aprovação. Mas somente quando se começa a estudar que essa realidade fica mais perceptível. Por isso, prepare seu psicológico e foque no que é importante. O que é importante:
Fazendo tudo isso, um dia a aprovação chega. Para uns demoram mais e outros menos, pois cada um tem uma vida pregressa diferente (uns mais, outros menos privilegiada). Mas não poupe esforços e concentre-se naquilo que vai te ajudar a chegar até a aprovação. Ficar reclamando sobre qualquer coisa não ajuda em nada e só traz estresse. Se algo te chateia ou está te prejudicando nessa jornada, busque a solução para esse problema! Alimente-se bem, durma bem, se não estiver em forma, faça exercícios físicos, descanse quando achar necessário (apenas o necessário), não estude cansado e não fique se comparando com os outros. Busque o melhor de si e continue remando até a sua hora chegar.
CONFIRA AQUI o nosso artigo principal com todas as informações do Concurso PRF
Foi aprovado e deseja dividir com a gente e com outros concurseiros como foi sua trajetória até a aprovação?! Mande um e-mail para: comunicacao@estrategiaconcursos.com.br
Até a próxima!
Jéssica Vasconcelos ;)
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