Aprovada no concurso ICMS SC
“Não espere que estudar para concursos seja fácil. Não é, é bem difícil. Mas as outras opções de carreira também são difíceis e nem sempre têm as garantias que temos na área pública. Se você realmente deseja isso para a sua vida, se preocupe em estudar o máximo que você puder, todos os dias. O resto é consequência”
Confira nossa entrevista com Veridiane Gunther Paludo, aprovada em 17º lugar no concurso ICMS SC para o cargo de Auditor-Fiscal / área Auditoria e Fiscalização:
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam te conhecer melhor. Você é formado em que área? Qual sua idade? De onde você é?
Veridiane Paludo: Tenho 27 anos e sou formada em Administração. Nasci em Curitiba e hoje moro em Porto Alegre.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Veridiane: Principalmente a insatisfação com meu trabalho à época: o fato de não enxergar a chance de crescer rapidamente e a diferença salarial em comparação ao serviço público.
Estratégia: Durante sua caminhada como concurseira, você trabalhava e estudava (como conciliava trabalho e estudos?), ou se dedicava inteiramente aos estudos para concurso?
Veridiane: Comecei a estudar em julho de 2014, estudava para a Receita Federal e não trabalhava. Esta foi uma época complicada para os concurseiros. O governo federal “determinou” que durante pelo menos dois anos, não haveriam concursos (com exceção de alguns poucos), e a área fiscal “virou um deserto”. Eu precisava voltar a trabalhar. Então, em 2016, fiz a prova para o INSS e tomei posse em janeiro de 2017. A partir daí trabalhava e estudava.
Estratégia: Quantos e em quais concursos já foi aprovada? Qual o último? Em qual cargo e em que colocação?
Veridiane: Fui aprovada para Técnico do INSS, em 2016, 1º lugar; para Auditor do Estado na CAGE-RS, em 2018, 2º lugar; e para Auditor Fiscal da Receita Estadual de SC, em 2019, 17º lugar.
Estratégia: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados/classificados?
Veridiane: Eu já estava acompanhando o ranking do site “deolhonavaga”, então sabia que provavelmente seria aprovada. Então a sensação boa mesmo, veio quando terminei a prova em Santa Catarina. Sensação de dever cumprido, independentemente do resultado que obtivesse.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social?
Veridiane: No início eu saía de casa o mínimo possível, só para ir ao mercado e à farmácia. Fui bem radical, principalmente porque minha família me ajudava financeiramente, para que eu pudesse estudar, e eu sentia que estava me aproveitando desta situação quando saía.
Outra razão é que eu sabia que provavelmente teria que voltar a trabalhar depois de algum tempo e precisava aproveitar ao máximo o período em que não tinha outras ocupações. Quando comecei a trabalhar no INSS (depois de dois anos e meio estudando em casa), me dava o direito a uma folga sábado, a partir das 16h, e domingo à tarde (sempre respeitando meus horários de estudo, durante a semana, sábado até 16h e domingo pela manhã).
Em julho de 2018, me mudei para Porto Alegre e meus horários passaram a ser uma loucura! Vários finais de semana eu tinha que viajar. Meu tempo de estudo passou a ser o tempo que estivesse disponível, sempre extraindo o máximo de horas possíveis durante a semana e no final de semana.
Estratégia: Você é casada? Tem filhos? Namora? Mora com seus pais? Sua família entendeu e apoiou sua caminhada como concurseira? Se sim, de que forma?
Veridiane: Parte da minha preparação ocorreu enquanto eu morava com meus pais, depois sozinha. Por um tempo estive solteira e depois comecei a namorar.
Minha família me apoiou muito durante o processo (o que não significa que eles tenham concordado com todas as minhas decisões). Se eles não tivessem me ajudado, eu provavelmente não estaria aqui hoje.
Estratégia: Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior?
Veridiane: Penso que a pessoa só deve fazer outros concursos quando ela estiver preparada para fazer a prova (e ser aprovada), no concurso em que ela deseja. Não adianta fazer várias provas e não ser aprovado em nenhuma.
Estudar para ser aprovado e estudar para fazer a prova são coisas bem diferentes. O objetivo do concurseiro deve ser a aprovação e não “fazer o máximo de provas que eu conseguir” (essa é a receita para o fracasso).
Depois que eu fui aprovada na CAGE, várias pessoas vieram conversar comigo, pedir orientações, e eu percebi que a falta de foco foi o principal erro que elas estavam cometendo.
Embora eu tenha estudado (e tenha sido aprovada) em concursos diferentes do meu foco inicial, só comecei a estudar para os fiscos estaduais depois de dois anos e meio só estudando para a Receita Federal e porque eu já não aguentava mais ler a legislação federal!
Estudei para outros concursos porque vi que isso seria necessário e porque sabia que se viesse o meu concurso dos sonhos eu estaria preparada para ser aprovada.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao concurso que foi aprovada?
Veridiane: Eu estudei para a área fiscal desde 2014. Para os fiscos estaduais desde o começo de 2016. E para o fisco de Santa Catarina desde março de 2018 (cerca de 8 meses até a prova).
Estratégia: Chegou a estudar sem ter edital na praça? Durante esse tempo, como você fazia para manter a disciplina nos estudos?
Veridiane: Sim, praticamente todo o tempo! É importante ter em mente que o tempo sem edital é quando você vai realmente estudar, aprender e construir sua aprovação. Um concurso de alto nível na área fiscal exige cerca de 1,5 ano de preparação, então é importante a pessoa perceber que ela não tem tempo sobrando para se preparar, e sim que já está atrasada!
Quando sair o edital, o ideal é que a pessoa já domine todo o conhecimento exigido no edital anterior do concurso que vai prestar. Isso porque, dependendo do tipo e da quantidade de matéria nova que vier, há uma probabilidade grande de que você precise dedicar seu tempo para o conteúdo novo e não consiga “corrigir o prejuízo” do conteúdo anterior (com exceção de partes muito específicas).
Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? Aulas presenciais, telepresenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas? Quais foram as principais vantagens e desvantagens de cada um?
Veridiane: Usei o material em PDF do Estratégia e o site de questões TEC Concursos. O bom do material em PDF é que se você comprar hoje e daqui a um mês mudar totalmente a legislação que você está estudando, dentro de pouco tempo seu material estará atualizado com o conteúdo novo. Além disso, o material focado no seu concurso evita que você perca tempo estudando matérias a mais ou arrisque estudar conteúdo a menos.
Eu não recomendo usar as videoaulas, porque elas tomam muito mais tempo do que o material em PDF (mesmo que você assista ao vídeo em velocidade maior). Salvo se for uma dificuldade muito específica ou no caso em que é cobrado Informática, e você precisa responder questões sobre os “botões” que compõem um determinado sistema (Excel, por exemplo).
Quanto a um site de questões, penso que é o melhor investimento que pode ser feito na preparação. Primeiramente porque se você compra um material de Português ou Direito Administrativo (por exemplo), direcionado a uma determinada banca e, quando sai a autorização para o seu concurso, a banca é outra, você não precisa comprar e estudar outro material. Você apenas adapta as questões que está realizando. Em segundo lugar, os bons sites de questões possuem filtros bem elaborados que permitem que você avalie rapidamente quais os assuntos mais cobrados (se você souber usar a ferramenta). Por fim, a melhor forma de sair de um nível de 70-80% de acertos para 85-95% é por meio da resolução de questões.
Se você quer estar preparado, é importante fazer todas (sem pular aquelas que você não sabe, pois isso acontecerá na prova) as questões (muitas). Na minha preparação, sem considerar as questões dos materiais do Estratégia, resolvi mais de 30.000 questões. Parece muito! Mas se você resolver 30 questões por dia útil, em 3 anos chegará próximo deste número.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Veridiane: Quando comecei a estudar, busquei alguns materiais na Internet antes de comprar os cursos completos. Quando vi os materiais de Tributário, Constitucional e Administrativo (principalmente), não tive dúvidas! Comprei todos os meus materiais do Estratégia.
Estratégia: Uma das principais dificuldades de todo o concursando é a quantidade de assuntos que deve ser memorizada. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso? Falando de modo mais específico: você estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas? Costumava fazer resumos? Focava mais em exercícios, ou na leitura e releitura da teoria? Como montou seu plano de estudos? Quantas horas por dia costumava estudar?
Veridiane: Realmente a quantidade de matérias é assustadora, principalmente para concursos de alto nível. Eu seguia as orientações do Alexandre Meirelles (estudo por ciclos), revezando disciplinas.
Antes de começar a trabalhar, focava na Receita Federal e estudava cerca de 16 matérias no total. Estudava o máximo que conseguia. No início fazia 5 a 6h por dia. Logo antes de ser nomeada no INSS, estudava de 8 a 10h por dia.
Quando vi que o concurso da Receita Federal não iria sair tão cedo (estamos até hoje esperando), decidi estudar também para os fiscos estaduais. Então aumentei o número de disciplinas (de 16 passou para 24) para conseguir abarcar o conteúdo “extra” dos fiscos estaduais (Economia, Civil, Penal, etc).
É importante dizer que o aumento de horas só ocorreu porque eu estudava todos os dias (sábados e domingos também, mas normalmente menos horas). À medida que mantemos nosso ritmo de estudos, o corpo se acostuma a estudar (no meu caso, isso levava de dois a três meses), e conseguimos aumentar a carga horária sem prejudicar a qualidade do que estamos aprendendo.
Quando comecei a trabalhar, meu tempo de estudos diminuiu muito. Conseguia fazer 3h por dia (só) e tinha que compensar no final de semana. No entanto, depois de alguns meses, já conseguia fazer 5 a 6h por dia. Tinha como meta estudar 30h semanais (perto do edital conseguia fazer quase 40h), o que é um número bem razoável se você se organizar bem.
Estratégia: Você tinha mais dificuldades em alguma(s) disciplina(s)? Quais? Como você fez para superar estas dificuldades?
Veridiane: Não tinha nenhuma dificuldade específica (nenhum “fantasma” do passado, voltando para me assombrar). Mas, com certeza, algumas matérias exigiram mais tempo e dedicação para aprender! Contabilidade, Estatística e Economia, principalmente.
O importante, neste caso, é não desistir. Se eu não entendia uma parte específica na minha primeira leitura, não dava muita importância a isso. Seguia lendo o material. Às vezes eu entendia em alguma aula futura, às vezes eu entendia quando passava pelo material na terceira ou quarta vez.
Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova? E véspera de prova: foi dia de descanso ou dia de estudo?
Veridiane: Reta final foi muito difícil, principalmente para a prova da SEFAZ-SC! Estudei feito louca, o máximo que eu conseguia: na véspera da prova, entre as provas, todo o tempo que tinha disponível!
Este edital veio muito maior que o esperado, principalmente em matérias importantes como Legislação Tributária, Tecnologia da Informação e Auditoria.
Penso que o ideal é estudar um pouco, mas muito menos do que se estuda normalmente. Por exemplo: quando fiz a prova do INSS, eu estudava de 8 a 10h por dia. Na semana anterior à prova, estudei apenas 2h por dia. O edital neste caso era muito menor e menos complexo, além de o tempo entre o edital e a prova ter sido de 6 meses. Assim, quando faltava um mês para a prova, eu já estava preparada. Só estudei na semana para me sentir segura de que não esqueceria nenhum detalhe.
Já para os outros concursos não teve jeito! Os editais eram muito maiores, mais complexos e o tempo entre o edital e a prova foi menor. Por isso tive que estudar na semana anterior e no dia anterior porque, caso contrário, não estaria preparada.
Estratégia: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação (se é que houve), quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS?
Veridiane: No início da minha preparação perdi cerca de seis meses por não saber estudar. Não tinha técnica, não fazia ciclos, não tinha um material adequado. Penso que foi um erro estudar sem técnica (outro erro é ter técnica e não estudar), perdi muito tempo!
Um acerto foi ter feito muitas questões. Melhor decisão que eu tomei, melhor custo-benefício. Com certeza foi o que fez a diferença na minha aprovação.
Estratégia: O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação? Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, como fez para seguir em frente?
Veridiane: O mais difícil foi o período depois de ter sido aprovada na CAGE, até vir a prova da SEFAZ-SC. Eu já vinha estudando há quatro anos e estava muito cansada. Quando estudamos por um período tão longo, acumulamos tudo: conhecimento e cansaço.
Tirei férias do INSS duas semanas antes da prova da CAGE, mas estudei todos os dias, o dia inteiro. Voltei ao trabalho para encontrar muitos processos acumulados. Precisava fazer hora extra para compensar os dias que tinha viajado para fazer a prova.
Quando voltei a estudar, cerca de duas semanas depois, não aguentei. Tive uma crise de labirintite e fui afastada do trabalho por um tempo. Fiquei com medo de voltar ao meu ritmo normal e ter outra crise, não conseguia estudar o que precisava, nem descansar o que precisava, porque não podia parar naquele momento. Foi horrível.
Depois que assumi no RS, parecia não ter mais razão para estudar. Já tinha um ótimo cargo, com um ótimo salário, como eu queria. Além disso, sabia que não aguentaria estudar mais alguns anos (quem sabe quando sairia o concurso que eu queria?). Mas aos poucos os motivos foram aparecendo. E quando li que tinha saído o edital para a SEFAZ-SC, foi como receber uma injeção de adrenalina!
Não importava mais se eu estava cansada, se eu tinha um ótimo cargo, eu não iria morrer na praia. Iria atrás da aprovação com a qual eu sonhava há mais de quatro ano. Faria o meu melhor e, se não desse, tentaria de novo.
Percebi que quem decide quando e como vai parar (com sucesso ou com derrota, por preguiça ou por realização) é quem está estudando. Não importa o que os outros pensam se você sabe o que você quer.
Estratégia: Qual foi sua principal motivação?
Veridiane: Cuidar da minha família (presente e futura).
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso. Deixe-nos sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Veridiane: Não espere que estudar para concursos seja fácil. Não é, é bem difícil. Mas as outras opções de carreira também são difíceis e nem sempre têm as garantias que temos na área pública. Se você realmente deseja isso para a sua vida, se preocupe em estudar o máximo que você puder, todos os dias. O resto é consequência. Você faz a sua parte e Deus ou o Universo/o Destino faz a Dele.
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Foi aprovado e deseja dividir com a gente e com outros concurseiros como foi sua trajetória até a aprovação?! Mande um e-mail para: [email protected]
Abraços,
Thaís Mendes