Aprovado no concurso TCE SC
Confira nossa entrevista com Rafael Maia, aprovado no concurso TCE SC para o cargo de Auditor Fiscal de Controle Externo, na especialidade Contabilidade:
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam te conhecer melhor. Você é formado em que área? Qual sua idade? De onde você é?
Rafael Maia: Meu nome é Rafael Maia, sou bacharel em Ciências Contábeis pela UnB e Tecnólogo em Gestão Financeira pelo IESB. Tenho 29 anos, sou paulista do interior (Avaré/SP), mas morei em Brasília desde a faculdade até minha nomeação no TCE/SC.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Rafael: Durante a década de 1990 e início dos anos 2000, a vida de minha família passou por algumas turbulências. Meu pai era microempresário e, como boa parte da categoria, passou por muitas dificuldades nesse período. Como já tínhamos alguns parentes morando em Brasília que eram servidores, em 2004 ele decidiu se mudar para a cidade para tentar a vida no mundo dos concursos. Em 2006, ele foi aprovado no concurso de especialista em regulação da Agência Nacional de Águas (ANA), e a partir daí nossa vida mudou bastante.
Tenho uma cabeça bem empreendedora e sou bastante entusiasta da inovação. No entanto, vivi “o lado ruim” do empreendedorismo, que é quando as coisas não dão certo e o indivíduo passa por grandes dificuldades para manter a si e sua família. Diante disso, aprendi a valorizar a estabilidade na vida, e, por isso, escolhi o caminho dos concursos públicos como carreira profissional.
Estratégia: Como foi a escolha pela área de controle? O que te atraiu?
Rafael: Durante os dois primeiros anos e meio de estudos, eu só “pulava de galho em galho” conforme os concursos que pagavam bem iam aparecendo. Comecei a estudar em 2012, época em que eu chamo hoje de “a era de ouro dos concursos públicos”, pois havia MUITAS oportunidades nos mais diversos órgãos. Mas o que acontecia era que, nos melhores concursos, eu só conseguia ficar no máximo no cadastro reserva. Nessa “brincadeira”, quase fui nomeado para Analista de Finanças e Controle do Tesouro Nacional na especialidade de economia (que era a que tinha mais vagas). Provavelmente, se isso tivesse acontecido, eu teria parado por aí.
No concurso do Banco Central de 2014 levei uma surra enorme do CESPE. Não havia feito o mínimo no concurso. Lembro-me, como se fosse hoje, que abracei meu pai e chorei a ponto de soluçar. A decepção era enorme. Poxa, como é que eu havia saído de uma situação de quase nomeação no Tesouro Nacional e não ter feito o mínimo em uma prova? Eu não tinha me atentado para o fato de que, se tivesse feito o mínimo ou um pouco mais que isso, eu estaria classificado. Ainda assim, senti-me péssimo por ter tido um desempenho tão ruim, e decidi que nunca mais queria passar por aquela experiência horrível.
Portanto, meu amigo ou minha amiga, às vezes precisamos levar umas pancadas da vida para acordar, sabe? Se não fosse isso, eu não teria mudado minha estratégia, e a correção de rota, tão necessária, teria demorado (ainda) mais. Essa pancada fez com que eu revisse minha estratégia principal. Decidi então escolher uma área e ficar nela até o fim. Como eu já tinha estudado para a área fiscal e detestado as matérias relacionadas à legislação tributária, decidi pela área de controle, até porque tinha alguns parentes que trabalhavam em diferentes Tribunais de Contas, e eu sabia que eram ótimos órgãos para fazer carreira.
Estratégia: Durante sua caminhada como concurseiro, você trabalhava e estudava (como conciliava trabalho e estudos?), ou se dedicava inteiramente aos estudos para concurso?
Rafael: Dedicava-me inteiramente aos estudos para concurso. Fui nomeado em dois cargos federais de nível superior (analista do Min. da Fazenda e Contador do MTE) e decidi não assumir. Sabia que tinha apoio financeiro para isso, e minha situação emocional estava boa o suficiente para continuar “só” estudando. Sei que sou privilegiado por ter tido essa escolha, mas gostaria de dizer que, às vezes, é preciso dar um passo atrás para então poder dar dois à frente. Digo isso porque tenho vários amigos e colegas de faculdade que eram pessoas brilhantes, alunos muito melhores do que eu, e “ficaram no meio do caminho”, em cargos muito aquém do que poderiam estar ocupando.
Estratégia: Quantos e em quais concursos já foi aprovado? Qual o último? Em qual cargo e em que colocação?
Rafael: -2013 – Analista Técnico Administrativo – MF – 91ª colocação;
-2013 – Analista de Finanças e Controle (Economia) – STN – 352ª colocação;
-2014 – Contador – MTE – 18ª colocação;
-2014 – Analista de Controle Interno – GDF – Desclassificado por 1 questão (e não as outras 999 que errei, rs);
-2015 – Analista Contador – CFA – 3ª colocação;
-2015 – Analista de Contabilidade – CNMP – 6ª colocação;
-2015 – Analista de Controle Externo – TCE/GO – desclassificado por 0,03 ponto);
-2016 – Contador – DPU – 6ª colocação;
-2016 – Analista de Contabilidade – Funpresp/Jud – 1ª colocação;
-2016 – Auditor Fiscal de Controle Externo (Contábeis) – TCE/SC – 12ª colocação;
-2016 – Analista de Controle Externo (Contábeis) – TCE-PR – 38ª colocação;
Estratégia: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados?
Rafael: Eu estava no shopping quando tive acesso à lista de aprovados. Vi meu nome, mas não foi divulgada a classificação. Como não conseguiria editar a lista a partir do celular, anotei minha nota e fui olhando cada um dos candidatos para ver quem tinha nota maior que eu. SURPRESA! Apenas dez pessoas estavam à minha frente. Obviamente, conferi o “cálculo” para ver se não tinha errado nada. Era aquilo mesmo! Eu estava dentro das vagas!
Depois, peguei a inscrição divulgada e fui conferir com a minha página de inscrição. Pensei na hora: vai que era um homônimo, né? Aí, caiu a ficha, eu estava no seleto grupo que iria para a prova de títulos! Fiquei MUUUITO feliz, com um sorriso de orelha a orelha no shopping… As pessoas que passavam por ali achavam que eu era algum tipo de louco, hahaha.
Chegando em casa, me senti no “CSI” pesquisando nome a nome de cada um dos aprovados no Lattes para ver quem poderia me passar na prova de títulos. Concluí que eu tinha grandes chances de me manter dentro das vagas!
Divulgado o resultado final, lá estava eu, na última vaguinha disponível (concurso sem cadastro reserva). A sensação foi incrível: A taça é nossa! ACABOOOU A PENÚRIA! Daqui pra frente, as coisas serão bem diferentes!
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social?
Rafael: Eu tinha uma vida social leve. Namorava, mas não saíamos durante a semana. Nos finais de semana, estudava apenas no sábado até o final da tarde e, quando tinha edital na praça, no domingo de manhã.
Mas nunca deixei de frequentar eventos comemorativos. Se um parente ou amigo querido fosse comemorar seu aniversário/casamento/etc, eu ia normalmente. É claro que não bebia ou ficava até muito tarde para que isso não atrapalhasse os estudos no dia seguinte.
Estratégia: Você morava com seus pais no período de preparação para o concurso? Sua família entendeu e apoiou sua caminhada como concurseiro? Se sim, de que forma?
Rafael: Morava com meu pai, madrasta e seus três filhos. Eu era o único da casa que estava estudando para concursos. No entanto, meu pai já tinha sido concurseiro dez anos antes, então ele sabia como era o esquema geral. Isso teve seu lado bom e seu lado ruim: bom, porque só quem passa por essa vida sabe como é; e ruim, porque as coisas mudaram muito de 2004 a 2014, então alguns embates sobre as melhores formas de estudo, etc, aconteciam frequentemente.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao concurso em que foi aprovado?
Rafael: Depois que passei a focar exclusivamente na área de controle e contabilidade, um pouco mais de um ano e meio.
Estratégia: Chegou a estudar sem ter edital na praça? Durante esse tempo, como você fazia para manter a disciplina nos estudos?
Rafael: Sim, cheguei a estudar sem ter edital na praça. Depois que comecei a focar na área de controle, passei uns meses sem edital. Mas, como eu estava disposto a fazer concursos para quaisquer tribunais de contas do Brasil, não me preocupava muito com isso, pois sabia que, eventualmente, as oportunidades viriam.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Rafael: Acompanho o site desde o início. O Mestre Ricardo Vale foi meu professor de Comércio Internacional durante minha primeira preparação para concursos: Analista de Comércio Exterior do MDIC. Fiquei surpreso com a didática dele e até hoje me interesso por algumas coisas relacionadas a essa matéria.
Quando fiquei sabendo que estavam criando um site para concursos, não pude deixar de conferir o trabalho que estava sendo realizado. O resultado não poderia ser diferente do esperado: a qualidade dos cursos do Estratégia, de maneira geral, é excelente!
Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? Cursos em PDF, videoaulas? O que funcionava melhor para você?
Rafael: Cursos em PDF, videoaulas, livros, aulas presenciais, cadernos com milhares de questões, etc. Não tenha uma solução padrão para todas as matérias. Em grande parte dos casos, você vai se sair muito bem utilizando apenas os cursos em PDF. Em outros, será necessário utilizar as videoaulas para entender os principais pontos.
Estratégia: Uma das principais dificuldades de todo o concursando é a quantidade de assuntos que deve ser memorizada. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso? Falando de modo mais específico: você estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas? Costumava fazer resumos? Focava mais em exercícios, ou na leitura e releitura da teoria? Como montou seu plano de estudos? Quantas horas por dia costumava estudar?
Rafael: Estudava por ciclos. Assim, havia a garantia de que todas as matérias seriam estudadas conforme o planejamento inicial, sem me preocupar com imprevistos ou compromissos em horário de estudo (por exemplo, ir ao médico). Meus resumos eram na forma de mapas mentais. Tenho-os até hoje e os consulto frequentemente para o trabalho.
Conforme ia adquirindo maturidade nas matérias, o foco passava da teoria para os exercícios. No final, eu só fazia exercícios e lia meus resumos, pois eles eram mais completos que 99% dos materiais teóricos que lia.
Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova? E véspera de prova: foi dia de descanso ou dia de estudo?
Rafael: Na semana que antecedeu a prova, apenas li meus mapas mentais e as questões que havia marcado como interessantes/difíceis. Na véspera da prova, aproveitei para descansar e conhecer um pouquinho de Floripa, cidade que nunca havia visitado. Lembro-me que fiquei um pouco triste, pois pensei: “se eu soubesse que a cidade era assim, tão boa, teria estudado ainda mais!” Felizmente, deu tudo certo!
Estratégia: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação (se é que houve), quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS?
Rafael: Erros:
-Durante muito tempo, não focar em uma área específica. Perdi ANOS nisso;
-Insistir no estudo em casa quando já não estava mais rendendo;
-Deixar de fazer exercícios físicos (ganhei mais de 20 kg durante o estudo para concursos);
Acertos:
-Depois de muito tempo, começar a focar na área de controle e contabilidade;
-Mapas mentais;
-Muitos exercícios;
-Procurar uma biblioteca com boa estrutura, que não fosse muito cheia e que tivesse bons horários de funcionamento (leia-se: de manhã até tarde da noite);
-Fazer uma pós-graduação à distância. Eu teria demorado muito mais para ser nomeado no Tribunal se não fosse isso;
Estratégia: O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação? Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, como fez para seguir em frente?
Rafael: A parte mais difícil foi perceber que os concursos estavam ficando cada vez mais escassos conforme o tempo passava. Comecei a estudar em uma época em que havia 5 ou 6 bons concursos por ano, frequentemente com muitas vagas. Quando passei no Tribunal, esses números já estavam beeem menores.
No entanto, nunca pensei em desistir por dois motivos: primeiro, porque sabia que era só uma questão de tempo até conseguir “marcar bolinhas nos lugares certos” de maneira suficiente para ser aprovado; e segundo, porque não havia alternativa melhor. A crise econômica ficou cada vez pior, então, na minha cabeça, ou eu continuava estudando para concursos, ou mudava para outro país. Preferi a primeira opção.
Estratégia: Qual foi sua principal motivação?
Rafael: Poder desfrutar de uma ótima qualidade de vida, e, mais importante que isso, poder compartilhar essa vida com quem você ama: companheiro(a), pais, irmãos, etc.
Estratégia: E quando veio a nomeação, qual foi o sentimento?
Rafael: Houve o sentimento de que todo o esforço valeu a pena, e, se preciso, eu faria tudo de novo, em dobro.
Estratégia: Como é o trabalho? Você se sente realizado?
Rafael: O trabalho é muito diverso. O rol de competências dos Tribunais de Contas é enorme. Isso faz muita diferença, pois, mais cedo ou mais tarde, você poderá escolher a área que mais lhe agrada. Também será possível “mudar de ares” de tempos em tempos, caso você tenha vontade…
Sinto-me realizado no que faço. Trabalho em uma diretoria envolvida em projetos grandes e estratégicos, relacionados diretamente à inovação na Administração Pública e a novas formas de fiscalização, que envolvem tecnologias como análise de dados. Tenho colegas de trabalho competentes e comprometidos. Muitos deles, inclusive, se tornaram meus amigos para a vida toda.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso. Deixe-nos sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Rafael: Escolha uma área e fique nela. Entendo que a tentação para fazer outros concursos é grande. Afinal, quem não quer ganhar um salário de R$10.000 + nesta crise terrível que vivemos? No entanto, se você mantiver seu foco, boas oportunidades aparecerão de forma inesperada. Só fiquei sabendo do concurso do TCE/SC depois que o edital saiu. Mas, como eu vinha estudando para o TCU e TCDF, estava preparado para o desafio. E hoje estou muito feliz, ocupando um ótimo cargo, com ótimas condições de trabalho em uma ótima cidade.