Aprovada em 11º lugar no concurso TCE-RJ para o cargo de Analista de Controle Externo na especialidade Controle Externo:
“O maior acerto foi contratar um coach para ajudar a me organizar, pelo menos no início. Depois, já tinha uma noção e conseguia me virar sozinha. Mas a gente perde muito tempo buscando informações sobre como estudar e o coach agiliza muito o processo. Atualmente, as trilhas estratégicas também são uma boa alternativa.”
Confira nossa entrevista com Patricia Rodrigues, aprovada em 11º lugar no concurso TCE-RJ para o cargo de Analista de Controle Externo na especialidade Controle Externo:
Estratégia Concursos: Você é formada em que área? Qual sua idade? De onde você é?
Patricia Rodrigues da Silva Leão: Meu nome é Patricia, tenho 33 anos, sou formada em Administração de Empresas. Sou Catarinense, de São Miguel do Oeste, mas moro em Sorriso-MT desde meus 11 anos.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Patricia: Então, nunca me considerei uma concurseira de carteirinha… kkkk
Até hoje sou resistente ao termo “concurseira”, foi meio o acaso que me levou para esta área. Eu trabalhei em um banco privado de 2007 a 2015. Nesse período fiz 2 provas do concurso da Receita Federal, a primeira sem estudar e a segunda fazendo um cursinho telepresencial, mas sem estudar nada além do horário das teleaulas (curso noturno de alguns meses). Além da Receita, fiz também outras provas menores, que nem me lembro exatamente, todas sem estudar nada. Fiquei classificada em alguns, não na RFB, mas as posições que obtive não eram boas e foram concursos que nomearam poucos (eu acho, porque na verdade nunca pesquisei se por acaso não fui chamada! Hehehe). Passei também num concurso da prefeitura local, mas não quis sair do banco, não tinha boa impressão do trabalho na prefeitura e o salário não era muito diferente do que eu já tinha. Enfim, a Receita em especial me chamava a atenção porque minha especialização foi em Auditoria e Perícia e sempre quis trabalhar na área, mas na iniciativa privada não encontrava oportunidades. Na iniciativa privada eu teria que iniciar uma carreira com baixo salário, nessa área não há mercado na cidade onde moro e me mudar não seria viável. Apesar disso, nunca tive problemas em trabalhar na iniciativa privada, até gostava. Nunca ansiei por estabilidade, por exemplo. Então fiz as provas sem estudar, achando que o conhecimento obtido na faculdade e pós seria suficiente. Por fim, percebi que não era e em 2014, apesar de ter feito a inscrição, não fui fazer a prova da Receita. No final de 2014 meu esposo ficou desempregado e então saiu o concurso do Banco do Brasil. Eu sempre dizia que não queria sair de um banco para outro, mesmo que público…Imaginava mudar de ramo, provavelmente na iniciativa privada mesmo. Mas acabei incentivando meu marido a fazer a prova e fui fazer também, de companhia, sem estudar nada…E assim, sem compromisso, passei em 5º lugar e meu marido em 10º. Imaginei que ambos seríamos chamados, afinal o concurso anterior tinha nomeado mais de 200 aqui na região. Então, quando fui nomeada, primeiro, decidi assumir, mesmo com decréscimo de salário, pois imaginei que depois seria mais fácil a mobilidade junto com meu esposo. Mas veio a transição de governo Dilma-Temer e não chamaram mais ninguém. Parou no 6º da microrregião. Depois de assumir no BB, em 2016, tendo diminuído a carga horária de trabalho diário de 8h para 6h, e pensando que sem estudar já tinha conseguido bons resultados e que se me esforçasse um pouco seria possível conseguir ser auditora da RFB, resolvi começar a estudar, acho que em fins de 2016, início de 2017. A expectativa de meu esposo ser nomeado no BB nessa época foi reduzindo e em 2017 a validade do concurso venceu. Ele estava numa fase de transição profissional, não estava desempregado, mas estava em um emprego que considerava temporário, às vezes fazendo meio período apenas. Então começamos a conversar sobre estudar para a Receita. Iniciei os estudos e ele foi me acompanhando na medida do possível, pois o trabalho dele às vezes era mais difícil de conciliar. Nossa! Longo esse começo, hein??!!
Estratégia: Durante sua caminhada como concurseira, você trabalhava e estudava (como conciliava trabalho e estudos?), ou se dedicava inteiramente aos estudos para concurso?
Patricia: Sempre trabalhei, desde os 16 anos. Nunca tive uma pausa além das férias (e de 45 dias entre minha nomeação e a posse no BB). Na maior parte do tempo cumpria 6h15 diárias de trabalho, mas houve períodos em que precisei trabalhar 8h diárias (teve época em que trabalhei 8h/dia por 6 meses e outros meses intercalados).
Estratégia: Em quais concursos já foi aprovada? Qual o último? Em qual cargo e em que colocação?
Patricia: Então, aqueles primeiros nem conto…o primeiro que fiz depois de começar a estudar foi o TCE-PE, fiquei classificada, mas numa posição ruim (1053º). Depois fui aprovada na CAGE-RS, em 26º, fora do número de vagas (5 para ampla concorrência). No TCE-RS fiquei em 20º (6 vagas); na SEFAZ-RS tive queda no desempenho, embora tenha também sido aprovada, para técnico em 255º e para Auditor em 257º. Agora no TCE-RJ, fiquei em 11º (perdi o prazo para envio dos títulos, o que poderia ter melhorado minha posição).
Estratégia: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados/classificados(as)?
Patricia: A essa altura já estou meio escaldada, então tenho que confessar que foi um sentimento gratificante, porém não fiquei exatamente empolgada. A minha empolgação no momento está mais no fato de ter sido nomeada na CAGE-RS recentemente, concurso que fiz em 2018. Tomarei posse em 05 de maio, então isso tem consumido todas as minhas energias recentemente e fez até eu perder o prazo da avaliação de títulos do TCE-RJ. Com o tempo a gente percebe que não basta ser aprovado, mesmo dentro do número de vagas, o que a gente quer mesmo é ver a nomeação no Diário Oficial e isso às vezes leva tempo.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social?
Patricia: Ainda tenho uma vida social muito restrita, pois ainda estou estudando. Mas não abdiquei totalmente do lazer. Alguns períodos foram mais restritivos, mas sempre convivi com meus pais, pelo menos nos fins de semana, e alguns amigos mais próximos eventualmente. Não sou adepta do radicalismo, mas é claro que você não consegue um bom foco vendo amigos todos os dias ou toda semana. Enfim, acho que cada um tem que encontrar seu ponto de equilíbrio.
Estratégia: Você é casada? Tem filhos? Namora? Mora com seus pais? Sua família entendeu e apoiou sua caminhada como concurseira? Se sim, de que forma?
Patricia: Sou casada, mas não tenho filhos. Meu marido me acompanhou em parte dos estudos, porém para ele é mais difícil de conciliar a carga horária de trabalho com os estudos. Ele prestou algumas provas comigo, então isso foi muito importante. Meus pais também me apoiaram muito. Minha mãe fez umas marmitas maravilhosas para mim durante maior parte da jornada de estudos e sou muito grata.
Estratégia: Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior?
Patricia: Quando comecei a estudar, meu foco era a RFB. Pensava mais em concursos federais e tinha certo receio para concursos estaduais. Depois fui percebendo que havia concursos estaduais muito bons e na área de auditoria (que sempre foi meu objetivo). Com o tempo percebi que tinha mais interesse na área de controle do que na área fiscal. Embora tenha sido nomeada na CAGE-RS e esteja na expectativa de ser nomeada também no TCE-RJ, talvez ainda estude para o TCE-SC, junto com meu esposo. Como ele ainda não conseguiu passar, penso em continuar para que talvez possamos passar no TCE-SC juntos. Como agora irei para a CAGE-RS, pode ser que ele faça algum outro concurso no RS, talvez TCE-RS, e ficamos por lá mesmo, afinal a família dele é de lá. O mesmo pode acontecer se eu for para o TCE-RJ…Enfim, para mim, nada está definido ainda.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao concurso em que foi aprovada?
Patricia: Para o TCE-RJ, desde que saiu o edital em 2020. O concurso foi suspenso por conta da pandemia, então estudei mais de 1 ano em cima do edital específico. Mas a essa altura eu já havia estudado todas as matérias principais nos concursos anteriores, então era basicamente uma revisão.
Para a CAGE-RS, que foi o concurso em que eu estava mais no início dos estudos, estudei um pouco mais de 3 meses, mas também já tinha estudado um pouco antes, embora de forma pouco estruturada.
Estratégia: Chegou a estudar sem ter edital na praça? Durante esse tempo, como você fazia para manter a disciplina nos estudos?
Patricia: Sim, estudei sem edital também. Realmente é um pouco mais difícil, o edital dá um gás…Até mesmo esse concurso do TCE-RJ foi difícil porque foi suspenso, então não sabíamos quando realmente seria a prova. Por outro lado, tentei ver como uma oportunidade de preencher as lacunas que ainda faltavam em meus estudos. Nessas épocas de estudar sem edital, geralmente reduzia um pouco a carga horária, me concedia pelo menos o sábado ou o domingo de descanso, mas não deixava de pensar que, para estar bem preparada, precisava estar com um estudo avançado quando saísse o edital.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Patricia: Não lembro exatamente, mas acho que foi pesquisando no Google mesmo.
Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? Aulas presenciais, telepresenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas? O que funcionou melhor para você?
Patricia: No início usei videoaulas, por ser o que considerava mais familiar para mim, devido à semelhança com aulas em sala de aula, que era o único modelo de estudo que eu conhecia. Foi muito bom, aprendi muita coisa. Mas depois percebi que para ir realmente a fundo precisava estudar os PDFs. Por fim, as questões também me ajudaram muito. Quando o estudo está um pouco mais avançado, as questões são uma ótima forma de revisar e até de preencher lacunas do aprendizado.
Estratégia: Uma das principais dificuldades de todo concursando é a quantidade de assuntos que deve ser memorizada. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso? Falando de modo mais específico: você estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas? Costumava fazer resumos? Focava mais em exercícios, ou na leitura e releitura da teoria? Como montou seu plano de estudos? Quantas horas por dia costumava estudar?
Patricia: Sempre achei muito natural, como estudar na escola. O primeiro plano organizado que tive, para a CAGE-RS, com o auxílio de coach, continha 8 matérias. Conforme evoluí nos estudos e se aproximou a data da prova, acrescentamos as outras, acho que eram 10 no total. Quando você passa para um nível intermediário/avançado, mais focado em revisões do que em realmente aprender matéria nova, é até melhor ter várias matérias, para não enjoar.
Estratégia: Você tinha mais dificuldades em alguma(s) disciplina(s)? Quais? Como você fez para superar estas dificuldades?
Patricia: Na CAGE-RS minha pedra no sapato foi economia. Mas era também a dificuldade de muitos candidatos não economistas. Para os outros concursos, minha maior dificuldade era tecnologia da informação. Não fiz nada de especial, só estudei, estudei, estudei e estudei de novo…vi algumas videoaulas. Para economia, cheguei a contratar um professor particular, mas fiz apenas 2 ou 3 aulas. Como ele não tinha conhecimento da área de concursos, não foi muito proveitoso.
Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova? E véspera de prova: foi dia de descanso ou dia de estudo?
Patricia: Sempre faço revisões, mas não muito. Como meu deslocamento geralmente me ocupa mais de um dia inteiro, costuma ser uma semana mais curta. Na véspera da prova costumo descansar. Sou bem tranquila e sempre achei que o que não aprendi até “agora” não será na hora da prova que irei aprender. Mas já usei umas “colinhas” de fórmulas para relembrar logo antes da prova.
Estratégia: No seu concurso, tivemos, além das provas objetivas, as provas discursivas. Como foi seu estudo para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Patricia: Fiz um curso de discursivas com correção. Acho importante treinar e ter alguém para avaliar/corrigir. Apesar disso, cometi erros na prova que não havia cometido em minhas redações testes, mas faz parte!
Estratégia: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação (se é que houve), quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS?
Patricia: Acho que o maior erro foi não ter começado a estudar mais cedo! Hoje as técnicas de estudo estão muito mais avançadas, o que faz crescer a régua, então penso que, se tivesse me dedicado como me dediquei agora, meu resultado teria acontecido em menos tempo. Outro erro foi começar a estudar sem nenhuma estratégia; por outro lado, o maior acerto foi contratar um coach para ajudar a me organizar, pelo menos no início. Depois, já tinha uma noção e conseguia me virar sozinha. Mas a gente perde muito tempo buscando informações sobre como estudar e o coach agiliza muito o processo. Atualmente, as trilhas estratégicas também são uma boa alternativa.
Estratégia: O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação? Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, como fez para seguir em frente?
Patricia: Sim, me questionei várias vezes. Fui aprovada, fora do número de vagas, logo no início de minha jornada. Às vezes pensava em tentar a sorte e aguardar pra ver se seria nomeada em algum deles (teria dado certo, pois agora já estou nomeada na CAGE-RS), mas não queria correr o risco de “esquecer” tudo que havia estudado. Vi meu desempenho cair depois de 2 bons resultados (CAGE-RS e TCE-RS), pois meus resultados em concursos posteriores (técnico e auditor fiscal da Sefaz-RS) não foram tão bons quanto os dois primeiros, mas eu sabia que queria sair de meu emprego e sentia que estava muito próximo de conseguir uma aprovação concreta (dentro do número de vagas). Tirei “férias” dos estudos várias vezes. Minhas férias do trabalho geralmente também eram férias dos estudos, pelo menos em parte. Eu precisava do descanso para retomar com energias renovadas. Enfim, com altos e baixos, fui levando…
Estratégia: Qual foi sua principal motivação?
Patricia: A certeza de que eu queria mudar de emprego, e o cargo de auditor era realmente um sonho, um objetivo de vida, e na iniciativa privada eu sabia que dificilmente teria oportunidade.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso. Deixe-nos sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar onde você chegou!
Patricia: Aconselho a buscar orientação no início, se puder contratar um coach, ótimo. Se não puder, tire um tempo, uma ou duas semanas, para buscar informações sobre técnicas de estudo e fazer um planejamento de acordo com o concurso que pretende prestar. A mensagem é que, no final, tudo vale a pena. O esforço não é em vão e os resultados aparecem.