“Posso dizer que meu maior acerto foi NUNCA desistir. Por mais cansado, desanimado, desiludido, que eu estivesse, por tantas porradas que a vida me deu nesse caminho de concurseiro (e foram várias), não deixava a moral cair; fui resiliente, me reinventei, tirei forças de onde achava que não tinha, acreditei em mim do começo ao fim, e isso é fundamental, minha vontade de ser aprovado era proporcional a quantidade de horas estudadas na cadeira. Desistir nunca foi uma opção!”
Confira nossa entrevista com Leonardo Dagostini, aprovado no concurso da Polícia Rodoviária Federal para o estado de Rondônia (3ª turma do curso de formação):
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam te conhecer melhor. Você é formado em que área? Qual sua idade? De onde você é?
Leonardo Dagostini: Meu nome é Leonardo Dagostini, tenho 36 anos, formado em Direito, sou de Santa Catarina, natural de Lages (interior do Estado), mas residente e domiciliado em Florianópolis.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos? Por que a área Policial?
Leonardo: Na verdade existiram uma série de fatores os quais me levaram a tomar a decisão de estudar para concursos públicos, entre eles; Eu estava insatisfeito profissionalmente (advoguei durante 3 anos), achava a profissão monótona, pouco desafiadora, aí pensei, que tipo de profissão eu seria desafiado todo dia? Me veio à mente as carreiras policiais, pois sempre gostei da área, e por ter um senso forte de justiça, achei que iria me encontrar na carreira. Outro motivo foi a estabilidade financeira, que é um excelente atrativo. Já em relação ao porquê da área policial, foi também por querer fazer a diferença na vida das pessoas e na sociedade, desejo de combater o crime e aplicar a lei, as carreiras policiais eram a escolha certa pra mim.
Estratégia: Durante sua caminhada como concursando, você trabalhava e estudava (como conciliava trabalho e estudos?), ou se dedicava inteiramente aos estudos para concurso?
Leonardo: Quando eu tomei a decisão de estudar para concurso público (fim de 2015), ainda estava advogando, preparei-me financeiramente e tomei a decisão de parar de advogar, para ficar somente estudando. No entanto, a fonte (R$) eventualmente foi acabando, pois morava sozinho e tinha contas a pagar, então achei prudente fazer outros concursos na área da segurança pública, para poder continuar estudando para o concurso que almejava e não deixar a falta de dinheiro estragar o sonho de pertencer à gloriosa PRF. Enquanto os concursos não apareciam, trabalhei de UBER, até que, em 2016, fui aprovado para o cargo de agente de segurança Socioeducativo da Grande Florianópolis, o qual exerci durante três anos. A escala era de 24×72, e nas minhas horas de “descanso” eu só estudava, tinha um plano de estudos rigoroso e seguia a fio. Dessa forma, conseguir conciliar trabalho e estudo. Foi uma tarefa árdua, pensei em desistir várias vezes, mas a minha vontade, foco e determinação em passar em um concurso federal e mudar de vida, sempre me motivaram a ir até o fim.
Estratégia: Quantos e em quais concursos já foi aprovado? Qual o último? Em qual cargo e em que colocação?
Leonardo: Fui aprovado em três concursos, OAB (o qual passei durante a faculdade), para o cargo de Agente de Segurança Socioeducativo e para a Polícia Rodoviária Federal.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social?
Leonardo: Primeiramente, é importante frisar que cada pessoa tem suas necessidades e dificuldades, mas no meu caso, eu adotei uma postura semi-radical antes de abrir o edital, ou seja, eventualmente saía com os amigos, família, ia vez ou outra à praia, ao cinema, mas fazia programas mais leves, nada de passar fins de semana sem estudar, ir a festas ou algo do gênero, justamente para não perder o foco. No entanto, quando abriu o edital, minha postura foi radical 100%, passei 60 dias somente estudando e indo para a academia, pois sabia que tinha o TAF.
Estratégia: Você é casado? Tem filhos? Namora? Mora com seus pais? Sua família entendeu e apoiou sua caminhada como concurseiro? Se sim, de que forma?
Leonardo: Sou solteiro, durante o concurso tive alguns “relacionamentos” que quase viraram namoro, mas como eu estava determinado em passar no concurso, acabei deixando de lado essa possibilidade e foquei somente nos estudos. A família apoiou, acreditaram em mim, tinham convicção de que realmente eu estava estudando, mas como eu sai de casa ainda muito jovem, o apoio funcionava mais a distância.
Estratégia: Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior?
Leonardo: Olha, acho que depende se você mora sozinho e tem que pagar as contas, se mora com os pais, se não mora com os pais mas eles ajudam financeiramente, ou seja, acho que vale fazer outros concursos até passar no que realmente você quer, pois o concurso almejado pode demorar para abrir edital ou até mesmo a aprovação não vir de primeira, então caso a pessoa tente outros concursos e seja aprovado, ao menos não estará sem renda. Mas é importante dizer, e vejo isso acontecer com frequência, muitas pessoas fazem outros concursos e acabam se acomodando, e infelizmente deixando de lado o concurso “dos sonhos”. Por fim, não pretendo estudar mais para outro concurso, a PRF é o concurso dos sonhos para mim.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao concurso que foi aprovado?
Leonardo: Direcionado para a PRF, por aproximadamente três anos.
Estratégia: Chegou a estudar sem ter edital na praça? Durante esse tempo, como você fazia para manter a disciplina nos estudos?
Leonardo: Sim, comecei a estudar sem edital. A promessa era de que em 2017 teria concurso para a PRF, tendo em vista que o último havia sido em 2013, entretanto, isso não aconteceu, e para não desanimar e seguir firme nos estudos, eu tinha um plano rígido, cada dia da semana um horário específico para cada matéria, dividida em videoaulas, pdfs e resolução de questões.
Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? Aulas presenciais, telepresenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas? Quais foram as principais vantagens e desvantagens de cada um?
Leonardo: Como eu não fazia parte do mundo dos concursos públicos e comecei sozinho, no início me sentia um pouco perdido, não sabia por onde começar, mas após alguns meses, comecei a entender toda a sistemática e tudo começou a fluir. Dessa forma, iniciei “montando” cadernos, assistindo videoaulas, e após ter os cadernos completos, o próximo passo foi revisá-los para memorizar o conteúdo. Posteriormente, passei para resolução de questões e, por fim, leitura dinâmica de PDF’s e resumos. Em relação a vantagens e desvantagens, acho que é relativo. Creio que toda a minha preparação ocorreu da forma que tinha que ocorrer, mas creio que a dica aqui seria dizer para o candidato não ficar vendo inúmeras vezes a mesma aula, veja uma vez, com atenção, anote o que for importante, e, somente em caso estritamente necessário, reveja a aula já assistida, pois lá no fim, quando o edital estiver aberto, o aluno irá desejar ter sido mais objetivo em seus estudos.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Leonardo: Conheci por meio das redes sociais e amigos que haviam adquirido o curso para Carreiras Policiais.
Estratégia: Uma das principais dificuldades de todo concursando é a quantidade de assuntos que devem ser memorizados. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso? Falando de modo mais específico: você estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas? Costumava fazer resumos? Focava mais em exercícios, ou na leitura e releitura da teoria? Como montou seu plano de estudos? Quantas horas por dia costumava estudar?
Leonardo: Para estudar o conteúdo do concurso, levei em consideração a relevância de disciplina, analisei as provas e editais anteriores, bem como segui o que os professores diziam sobre o próximo edital acerca das matérias a serem cobradas e eventuais mudanças. Sendo assim, fui fiel ao meu planejamento de estudos, passava mais horas estudando as disciplinas com maior probabilidade de cair, mas não deixava nenhuma de lado, por isso eu organizava meus horários, não estudava sem um relógio do lado, tinha o exato momento de começar uma disciplina e terminá-la. Mas meu plano de estudos não era rígido, por vezes eu mudava, acrescentava uma hora a mais em determinada disciplina. Usei muito meus cadernos, resumos, pdf’s e, na etapa final, foquei 100% em resolução de questões. Já em relação a horas estudadas por dia, ela variou, antes do edital aberto eu estudava 6h/dia em média, no entanto, após abertura do edital, a média passou para 10h/dia (líquidas de bunda na cadeira… rs).
Estratégia: Você tinha mais dificuldades em alguma(s) disciplina(s)? Quais? Como você fez para superar estas dificuldades?
Leonardo: Sim. Por ser formado na área de humanas, minha relação com as exatas nunca foi das melhores, então nas disciplinas de física, matemática e informática, sabia que enfrentaria as maiores dificuldades. Às vezes passava horas estudando matemática, por exemplo, e na hora de resolver questões, parecia que eu não sabia nada, cheguei a pensar que seria quase impossível aprender e ir bem nessas matérias. Dessa forma, tive que ter muita paciência e resiliência, e o que me fez superar as dificuldades foi, primeiro, reconhecer a minha debilidade, então fui com mais calma ao estudar essas matérias, sabia que a minha evolução seria um pouco mais demorada, e, pouco a pouco, eu fui melhorando, ganhando confiança, e a área de exatas não se tornou um motivo de reprovação mais pra mim.
Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova? E véspera de prova: foi dia de descanso ou dia de estudo?
Leonardo: Embora a semana que anteceda a prova seja de costume um período estressante, eu tentei não me abalar com isso, sabia que tinha dado o meu melhor e que estressar não seria interessante para o meu desempenho no dia da prova, então o que fiz foi ampliar minha forma de estudar após a abertura do edital (da média de 6h/dia para 10h/dia), além de pedir férias para me dedicar exclusivamente para isso. Fui muito objetivo nesse período, sabia quais eram as matérias e assuntos que tinha mais dificuldade, então revisava a parte que eu sabia mais (de forma dinâmica) e a parte que eu ia mal, ficava respondendo muitas questões até o ponto de não errar mais. Também foquei nas matérias que mais teriam questões, como CTB e Língua Portuguesa por exemplo, além de fazer muita redação. Sendo assim, durante a reta final eu estudava sem parar, só parava para comer e descansar. Pra mim, ter tomado essa atitude e estar de consciência tranquila em relação aos meus estudos me deixou muito tranquilo na véspera da prova (claro, estava apreensivo como qualquer concurseiro que fará a prova da sua vida… rs mas não ao ponto de perder o foco), por isso não estudei como de costume, apenas reli alguns materiais que achava importante. Optei por não “usar” o cérebro de forma demasiada.
Estratégia: No seu concurso, tivemos, além das provas objetivas, as provas discursivas. Como foi seu estudo para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Leonardo: Sim, a parte discursiva é fundamental para a aprovação do aluno. Aconselho primeiramente uma autoanálise, o aluno precisa saber se escreve uma boa redação ou não. Após isso, procurar professores experientes que possam ajudá-lo a desenvolver a dificuldade, caso a possua, ou evoluir, caso já escreva de forma satisfatória. No meu caso, por ser formado em Direito, tinha uma certa facilidade, mas mesmo assim procurei professores para me ajudarem, e antes do edital escrevia uma ou duas redações por mês, após edital aberto, uma redação por semana. Outra coisa que ajuda muito também, para quem tem dificuldade, é ter um esqueleto de redação, isso facilita para quem não sabe por onde começar, importante saber também conjunções explicativas, restritivas, etc.. são vitais para não deixar o texto pobre ou repetitivo.
Estratégia: Como foi sua preparação para o TAF e para as demais etapas?
Leonardo: Por praticar esportes e frequentar academia há muitos anos, a preparação para o TAF ocorreu de forma tranquila, mas mesmo assim, eu treinava exatamente como seria o dia da prova (Barras, abdominal, salto em distância e corrida).
Estratégia: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação (se é que houve), quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS?
Leonardo: Difícil apontar erros, pois como o resultado foi minha aprovação, acho que no fim das contas, deve ter sido feito da forma certa… rs. No entanto, posso dizer que meu maior acerto foi NUNCA desistir. Por mais cansado, desanimado, desiludido, que eu estivesse, por tantas porradas que a vida me deu nesse caminho de concurseiro (e foram várias), não deixava a moral cair; fui resiliente, me reinventei, tirei forças de onde achava que não tinha, acreditei em mim do começo ao fim, e isso é fundamental, minha vontade de ser aprovado era proporcional a quantidade de horas estudadas na cadeira. Desistir nunca foi uma opção!
Estratégia: O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação? Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, o que te motivou a seguir em frente?
Leonardo: A caminhada é difícil por vários fatores: falta de dinheiro; problemas familiares; ver os amigos se afastando (pois você só fala de concurso); por achar que todas as pessoas ao seu redor estão seguindo com as suas vidas e você é o único que parou… são pensamentos constantes na vida de qualquer concurseiro. No entanto, NUNCA pensei em desistir, sabia que uma vez tomada a decisão de estudar para concurso, não teria mais volta, me dediquei 100% pra isso! A minha motivação era a vontade que eu tinha de mudar de vida; de ser Policial Rodoviário Federal; de saber da importância do trabalho desempenhado pelo PRF para a sociedade… minha motivação era ser um orgulho para mim e para a minha família!
Estratégia: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados/classificados na primeira fase do certame?
Leonardo: A sensação é indescritível, olhei três vezes o edital para ver se era o meu nome mesmo, rs fiquei eufórico, uma adrenalina correu pelo meu corpo, deu vontade de sair correndo (mas estava trabalhando e se eu fizesse isso, provavelmente iriam achar que eu era louco, rs). Mas a melhor sensação foi a de dever cumprido, saber que todo aquele esforço, suor e dedicação foram enfim recompensados. Senti também muita gratidão, agradeci muito o momento pelo qual estava passando. E claro, liguei para vários amigos e familiares para contar que eu tinha passado na primeira fase da PRF… rs, com certeza um dia que eu nunca irei apagar da memória!
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso. Deixe-nos sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Leonardo: Aos que estão iniciando a caminhada, eu digo primeiramente, seja sincero consigo mesmo, não se engane, queira de fato tornar-se “concurseiro”, pois a vida de quem opta por esse caminho não será fácil, você será provado inúmeras e inúmeras vezes, e, caso você esteja se enganando em relação aos estudos, encontrará qualquer desculpa para depois dizer que não deu certo. Então se você é do time dos vencedores, dos que decidiram estudar e se dedicar, vá de coração aberto, confie no seu potencial e no potencial dos professores. Mas, uma vez tomada essa decisão, tenha calma, construa o caminho do conhecimento com um passo de cada vez. Cerque-se de pessoas que te façam bem, que queiram o seu sucesso, nem que por muitas vezes você tenha que ficar sozinho. E, por último e não menos importante, jamais desista, busque forças além de sua compreensão, tenha foco, determinação e força de vontade, que qualquer concurso será seu!
Um abraço do ex-concurseiro e hoje Policial Rodoviário Federal, Leonardo Dagostini
Instagram: leo_dagostini