Aprovado nos concursos TCE RJ e TC DF:
“Goste de estudar. Eu agradeço muito pelas coisas que aprendi nessa caminhada. Para alguém com formação em Engenharia, é um mundo completamente novo. Tente criar uma rotina. Tenha metas, mesmo que sejam simples no começo. Tente ter uma pessoa que estuda os mesmos assuntos para poder discutir a matéria, isso ajuda muito! Faça algum planejamento. Você precisa sempre ter em mente o que você já estudou e o que falta estudar. Gaste um tempo com isso, pois vale a pena.”
Confira nossa entrevista com Ivan Lopes da Rocha, aprovado em 10º lugar no concurso TCE RJ para o cargo de Analista de Controle Externo na especialidade Controle Externo e em 3º lugar no TC DF para o cargo de Auditor de Controle Externo:
Estratégia: Conte-nos um pouco sobre você. Você é formado em que área? Qual sua idade? De onde você é?
Ivan: Sou formado em Engenharia Eletrônica. Tenho 29 anos e moro em São José dos Campos – SP, mas sou natural de Santos – SP.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Ivan: Eu já era militar, então de certa forma já era concursado.
O que me levou a querer estudar para outros concursos foi a possibilidade de uma rotina mais flexível com uma remuneração melhor.
Foi um colega meu, aprovado no TCE-PE, quem apresentou para mim esse mundo dos concursos.
Estratégia: Durante sua caminhada como concurseiro, você trabalhava e estudava (como conciliava trabalho e estudos?), ou se dedicava inteiramente aos estudos para concurso?
Ivan: Trabalhava e estudava.
Conforme resposta acima, eu já era militar (aliás, ainda sou), então não tinha muito tempo para estudar durante a semana. Por isso eu tentava compensar nos finais de semana e feriados.
Houve uma época em que eu acordava às 5 h para estudar antes do trabalho. Recomendo muito!
Estratégia: Em quais concursos já foi aprovado? Qual o último? Em qual cargo e em que colocação?
Ivan: Eu fiz 4 concursos no total.
O primeiro foi o da Abin em 2018, para o cargo de Oficial de Inteligência. Estudei por aproximadamente 2 meses, com bastante intensidade. Não tive tempo de revisar nenhuma matéria. Resultado: tive minha prova discursiva corrigida, o que já considerei uma grande vitória!
O segundo foi o da Sefaz-GO em 2018, para o cargo de Auditor Fiscal. Estudei 5 meses para esse concurso. Hoje em dia percebo que cometi muitos erros nessa preparação, pois não planejei uma fase para revisão. Resultado: fiquei em 76º lugar, sendo que até hoje não nomearam ninguém para o cargo, infelizmente.
O terceiro foi o do TCE-RJ e o quarto foi o do TC-DF, ambos em fevereiro de 2021 para Auditor de Controle Externo. Estudei cerca de 1 ano e 9 meses para eles. A preparação para esses dois concursos foi conjunta, dado que os editais saíram em datas muito próximas, sem contar que, devido à pandemia, tivemos cerca de um ano de preparação com o edital publicado. Resultado: fiquei em 10º lugar no TCE-RJ e em 3º lugar no TC-DF!
Estratégia: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados/classificados?
Ivan: Para mim foram dois momentos: o primeiro, no TCE-RJ, quando vi o resultado definitivo e fiquei dentro das vagas; o segundo, no TC-DF, quando acordei com a notícia de que a minha prova discursiva tinha me colocado em 3º lugar! Esse último foi o momento mais emocionante, porque foram previstas apenas 6 vagas iniciais em ampla concorrência, e eu estava em 8º lugar na prova objetiva. Então foi realmente uma reviravolta perfeita, justamente o que eu estava precisando!
A sensação foi muito boa, com certeza. Excelente, na verdade! Eu estava livre no dia, tinha ido dormir umas 3 h da manhã, acordei às 7 h e descobri esse resultado… não consegui mais dormir até a madrugada do dia seguinte hahaha.
Isso trouxe um grande alívio e uma ansiedade para fazer planos para o futuro, entre várias outras sensações. Em vez de resolver questões de concursos, meu dia a dia virou pesquisar imóveis em Brasília e usar meu tempo livre para lazer ou para ganhar uma renda extra.
Antes disso, com o resultado do TCE-RJ, já estava muito feliz pelo fato de ter sido aprovado junto com um grande amigo que estudou comigo nessa preparação tão árdua. Ainda estava na dúvida se iria passar um tempo no Rio ou se seria uma mudança direta para Brasília… mas era uma dúvida legal de se ter, pois qualquer resultado seria perfeito.
A sensação de realização que vem no momento da aprovação é inexplicável!
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social?
Ivan: Não abdiquei do convívio social. Claro que quando decidimos estudar para passar em um concurso de alto nível, devemos abrir mão de alguma coisa. No meu caso, eu deixei de fazer alguns projetos de vida, algumas atividades que poderiam gerar uma renda extra. Esse foi o meu custo de oportunidade.
Certamente também posso afirmar que deixei de passar vários momentos de qualidade com a minha família, mas sou muito grato por poder dizer que tive o apoio necessário para que isso não me desanimasse.
Estratégia: Você é casado? Tem filhos? Namora? Mora com seus pais? Sua família entendeu e apoiou sua caminhada como concurseiro? Se sim, de que forma?
Ivan: Sou casado. Temos dois filhos de 4 patas hehe. Mas por enquanto não temos outros.
Sim, o apoio foi total, de todas as formas possíveis. Principalmente a compreensão, o fato de a minha esposa me apoiar e dar a força moral que eu precisava. Ela entendia que nem sempre era possível termos todos os momentos de lazer que queríamos, devido aos meus estudos.
Isso sem contar a ajuda que ela me dá em casa, sempre preparando alguma refeição, por exemplo, para eu não perder tempo e poder ganhar minutos de estudo que, ao longo dos dias, se tornaram horas e horas a mais para a minha preparação.
Estratégia: Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior?
Ivan: Não vejo necessidade (nem tenho vontade) de fazer outros concursos. No entanto, se o concurso do TCU ocorrer ainda este ano, devo fazer sim. Outra ideia seria o concurso de Consultor do Senado Federal ou da Câmara dos Deputados, caso ocorram ainda neste ano ou no início de 2022. Mas por enquanto é apenas uma ideia.
De qualquer forma, com certeza não voltaria a focar na área fiscal, por exemplo. Mesmo que tenha concurso da Receita Federal em breve, não há a menor chance de eu estudar para ele. Acho que chegou o momento de focar em outros projetos.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao concurso em que foi aprovado?
Ivan: Quase 2 anos. Mas o estudo mais intenso durou aproximadamente 1 ano e meio.
Estratégia: Chegou a estudar sem ter edital na praça? Durante esse tempo, como você fazia para manter a disciplina nos estudos?
Ivan: Sim, mas por pouco tempo.
Antes dos editais dos TCs, eu passei um tempo estudando para a Receita Federal, tempo esse que não foi aproveitado, dada a grande disparidade entre as matérias. Claro que o caso foi atípico, já que tive mais de um ano para estudar na fase pós-edital.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Ivan: Por meio do colega que eu mencionei, que passou no TCE-PE e me sugeriu o estudo para concursos.
Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? Aulas presenciais, telepresenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas? O que funcionou melhor para você?
Ivan: Eu fiz assinatura em dois cursos preparatórios, sendo um deles o Estratégia.
Aulas presenciais: Não.
Telepresenciais: Não. Nunca acompanhei uma aula ao vivo. Embora tenha a vantagem de tirar dúvidas na hora, acho que toma muito tempo. Prefiro ver depois, acelerada, voltando nas partes que tiver dúvidas e avançando nas partes que já souber melhor.
Livros: apenas um, e só algumas partes (Orçamento Público do James Giacomoni).
Cursos em PDF: Sim! Este foi o foco principal, e acredito que seja a melhor ferramenta disponível.
Videoaulas: Usei bastante sim…acredito que eu tenha usado videoaulas com mais frequência do que a maioria dos outros aprovados. Eu gosto, porque me ajuda a memorizar alguns assuntos. Costumava deixar rolando uma aula enquanto dirigia, fazia meu café da manhã, entre outros momentos. Eu não considerava isso um estudo propriamente dito, mas era um ótimo complemento.
Outra ferramenta que me ajudou muito foram os simulados do Estratégia.
Estratégia: Uma das principais dificuldades de todo concursando é a quantidade de assuntos que deve ser memorizada. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso? Falando de modo mais específico: você estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas? Costumava fazer resumos? Focava mais em exercícios, ou na leitura e releitura da teoria? Como montou seu plano de estudos? Quantas horas por dia costumava estudar?
Ivan: Essa foi uma grande dificuldade minha no início. Eu tentei contornar da seguinte forma: criei uma planilha com as matérias para marcar cada aula que eu já tinha feito, e quantas vezes tinha revisado. Além disso, anotava o tempo de estudo em cada assunto e cada aula, para ter uma noção do tempo necessário para a revisão. Pois é, eu cronometrava o tempo de estudos. Acho que isso foi importante para eu me forçar a cumprir a meta todos os dias. Mantive uma média próxima de 3,5 horas por dia, ao longo de 20 meses de estudo. Estudei aproximadamente 2 mil horas para os Tribunais de Contas.
Acho muito importante também ter um calendário dos assuntos a serem estudados, para não negligenciar a revisão de nenhum deles.
Outra forma de não deixar nenhuma matéria abandonada por muito tempo é criar um caderno em algum site ou sistema de questões contendo todas as matérias. Uma meta interessante é resolver pelo menos umas 50 questões por dia, todos os dias, de modo aleatório. Mesmo que não esteja revisando a teoria daquele assunto no momento, isso força a memória e ajuda muito mesmo!
Quantas matérias ao mesmo tempo…isso variava de acordo com a época, mas geralmente algo em torno de 3 ou 4 matérias, a depender da densidade delas, ou se era a primeira vez ou não. Por exemplo, estudava uma matéria pela primeira vez e revisava outras duas. Ou, depois de estudar todas, revisava umas quatro ao mesmo tempo (além de revisar todas por meio de questões).
Estratégia: Você tinha mais dificuldades em alguma(s) disciplina(s)? Quais? Como você fez para superar estas dificuldades?
Ivan: Acredito que as disciplinas que mais me trouxeram dificuldades (para o CESPE) foram Contabilidade e Auditoria.
Contabilidade porque eu estava acostumado com a FCC, onde as questões eram mais “mão na massa”. Ao passar para a banca CESPE, tinha dificuldade para memorizar tantas disposições legais ou normativas. Acho que contornei essa dificuldade fazendo muitas (mas muitas mesmo!) questões da banca.
Auditoria porque eu sentia uma certa dificuldade em descobrir o que estava sendo cobrado em cada questão. Qual era o fundamento que o examinador estava usando, ou seja, de onde ele tirou aquilo? São muitas normas! Acho que, nesse caso, além das questões, o que me ajudou foi realmente ler as normas e fazer marcações. Por exemplo, eu li todas as ISSAIs previstas nos editais. Algumas questões copiavam trechos dessas normas, então isso ajuda bastante. Essa matérias favorece quem tem paciência para ler bastante.
Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova? E véspera de prova: foi dia de descanso ou dia de estudo?
Ivan: A semana da prova foi intensa. Reservei minhas férias para a época das provas do TCE-RJ e do TC-DF, dado esta ocorreu duas semanas após aquela. Nesse período, cheguei a estudar em média 8 horas por dia.
A véspera foi de estudo, porém um estudo diferente. Apenas leitura de anotações e normas grifadas.
Um diferencial foi ter meu companheiro de estudos, Samuel Wolf, para trocar bizus de véspera.
Basicamente fizemos uma revisão de normas secas e alguns esquemas. Leis Orgânicas e Regimentos Internos dos TCs, MTO, MCASP, normas de auditoria, entre outros.
Estratégia: No seu concurso, tivemos, além das provas objetivas, as provas discursivas. Como foi seu estudo para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Ivan: Essa parte também contou com a indispensável participação do meu parceiro de estudos.
Ao longo dos meses, em geral, a gente fazia em torno de uma questão por mês e pedia para o outro corrigir.
Mais próximo das provas, o foco eram as peças técnicas. A partir desse momento, sentimos que não precisaríamos mais treinar a escrita para questões em geral, bastando o estudo teórico.
Nas duas semanas antes de cada prova, fizemos aproximadamente 5 ou 6 peças técnicas no total, praticamente uma a cada dois dias. Nesse caso, a gente fazia a mesma questão, para poder comparar as soluções e discutir até chegar mais ou menos em um consenso.
Diga-se de passagem, o Wolf tirou a 3ª maior nota na prova discursiva do TCE-RJ, e eu tirei a 3ª maior nota na discursiva do TC-DF. Gosto de destacar isso porque nenhum de nós é um Machado de Assis da vida…na verdade, com a nossa formação de engenharia, não costumamos escrever muito. Portanto, esses resultados mostram como a nossa preparação conjunta foi útil.
Estratégia: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação (se é que houve), quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS?
Ivan: Sinceramente, não consigo pensar em algum grande erro que tenha cometido na preparação dos meus últimos concursos. No anterior, da Sefaz-GO, teve aquilo que eu comentei: não planejei o suficiente, logo não tive tempo de revisar bem o assunto.
Os maiores acertos acredito que tenham sido: um bom planejamento; ter metas de horas de estudo; resolver muitas questões todos os dias; treinar discursivas; e, principalmente, não estudar apenas aquilo que mais cai.
Para passar em um Tribunal de Contas, não basta o “básico bem feito”. Não adianta, além de não errar as fáceis, você vai ter que acertar algumas questões difíceis na prova. Tem que dar uma aprofundada em assuntos menos explorados também.
Estratégia: O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação? Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, como fez para seguir em frente?
Ivan: Não cheguei a pensar em desistir. Estudei com bastante foco e convicção de que alguma hora iria dar certo. Sem contar que, para mim, estudar não é a pior coisa do mundo. Claro que não é a melhor coisa hehe, tem horas que cansa, e muito! Mas eu tenho um certo gosto pelos estudos, e isso ajudou a me manter motivado.
Quando desanimo, logo lembro que aquilo é para o meu bem, para o meu futuro. Além disso, tenho consciência de que muita gente gostaria de ter a oportunidade que eu tive de estudar, mas não tem condições favoráveis para isso. Por isso eu não reclamo e vejo essa oportunidade com bastante gratidão.
Estratégia: Qual foi sua principal motivação?
Ivan: Duas coisas: poder garantir uma vida melhor para a minha família e exercer um cargo relevante e respeitado, onde eu possa fazer diferença e ser reconhecido por isso.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso? Deixe-nos sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar onde você chegou!
Ivan: Primeiramente, goste de estudar. Não veja isso como um sacrifício. Concordo que tempos que sacrificar o nosso tempo e deixar de fazer outras coisas. Mas não veja o ato de estudar como um mal necessário. Eu agradeço muito pelas coisas que aprendi nessa caminhada. Para alguém com formação em Engenharia, é um mundo completamente novo.
Tente criar uma rotina. Tenha metas, mesmo que sejam simples no começo.
Tente ter uma pessoa que estuda os mesmos assuntos para poder discutir a matéria, isso ajuda muito!
Faça algum planejamento. Você precisa sempre ter em mente o que você já estudou e o que falta estudar. Gaste um tempo com isso, pois vale a pena.
Boa sorte! A sorte também faz parte dessa caminhada.
Abraços!