Aprovada no Concurso SEFAZ AL
“Acredite em você! Qualquer um que tenha disciplina e resiliência consegue um dia alcançar o cargo sonhado”.
Confira nossa entrevista com Camila Leite, aprovada em 13º lugar no concurso SEFAZ AL para o cargo de Auditor Fiscal da Receita Estadual:
Estratégia Concursos: De onde você é? Qual é sua idade? E sua formação?
Camila Leite: Meu nome é Camila Leite, tenho 30 anos e sou de Salvador, Bahia. Sou formada em Engenharia Civil.
Estratégia: Você chegou a trabalhar na sua profissão? O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Camila: Trabalhei como estagiária durante toda a faculdade, tanto na parte de escritório quanto na execução de obras. Porém, quando me formei, foi justamente o período em que a engenharia civil começou a entrar em declínio por conta das investigações das empreiteiras. Trabalhava em uma empresa de planejamento que prestava serviço principalmente para a Odebrecht. Então, ficamos sem obras, sem planejamento, sem trabalho. Por conta disso, acabei não sendo contratada como engenheira quando me formei.
Além disso, diante da situação de crise, vi diversos colegas perdendo seus empregos e se vendo, de uma hora para outra, sem ter o que fazer. Isso me fez pensar sobre a grande instabilidade da minha profissão. Jovem e com meus pais para ajudar, buscar um plano B seria mais fácil. Porém, me via com a possibilidade de passar pela mesma situação em outro momento, já mais velha, com família e pessoas dependendo de mim. Não queria viver isso!
E, por fim, ainda tinha uma influência muito grande dentro de casa. Meus pais são concursados e cresci com isso. Via o quanto a vida deles era tranquila, estável e o tanto de coisas boas que o trabalho deles trouxe para nós. Juntando tudo isso, resolvi encarar e começar meus estudos.
Estratégia: Como foi a escolha pela área fiscal? O que pesou mais para você quando teve que definir esse foco de estudo?
Camila: Quando eu decidi estudar para concursos eu não tinha ideia de onde estava entrando, as possibilidades que existiam, as diferentes áreas. Estava totalmente perdida. Minha mãe sempre dizia que o sonho dela era ser auditora, mas por ter duas filhas e já possuir outro cargo, nunca tinha voltado a estudar.
Comecei pesquisando o cargo de auditor aleatoriamente. Vi que tinha auditor fiscal e auditor do trabalho. Entre os dois, acabei me identificando mais com o cargo de auditor fiscal e, assim, comecei meus estudos para o cargo de auditor da Receita Federal. Escolhi a área fiscal meio “por acaso”. Com os anos, fui aprendendo que não existia apenas a RFB, mas que também existiam as Receitas Estaduais e Municipais, e que eu poderia focar meu estudo na área fiscal e, dai, ir especializando meu estudo de acordo com cada concurso.
Estratégia: Durante sua caminhada como concurseira, você trabalhava e estudava, ou se dedicava inteiramente aos estudos para concurso?
Camila: Durante toda a minha caminhada eu me dediquei inteiramente aos estudos. Porém, queria chamar a atenção para esse ponto: apesar de não precisar dividir o meu tempo entre estudo e trabalho, me vi em diversas situações que meu estudo rendia melhor quando eu tinha menos tempo e precisava otimizá-lo. Sem contar com a pressão que nós fazemos sobre nós mesmos por estarmos “SÓ” estudando e totalmente dependentes de alguém.
No começo, eu realmente achava que isso era uma vantagem. Com o passar dos anos, comecei a perceber que só estudar não me faria passar antes de ninguém. Temos infinitos exemplos de pessoas que só estudavam e passaram e outros infinitos exemplos de pessoas que estudavam e trabalhavam e também passaram (e, muitas vezes, em menos tempo do que aqueles que só estudavam). Então, não é isso que vai definir a nossa aprovação.
Estratégia: Quantos e em quais concursos já foi aprovada? Qual o último? Em qual cargo e em que colocação?
Camila: Auditor Fiscal da Receita Estadual de Alagoas foi o primeiro concurso em que fui aprovada dentro do número de vagas. Fiquei na 13ª colocação.
Estratégia: Chegou a estudar sem ter edital na praça? Durante esse tempo, como você fazia para manter a disciplina nos estudos?
Camila: Sim. Estudei mais de dois anos sem edital na praça, esperando o concurso da Receita Federal, que até hoje não saiu.
Confesso que é muito mais fácil manter a disciplina nos estudos quando temos um edital na mão e uma data de prova. Mas nem sempre isso acontece. Acho que o segredo é criar uma rotina de estudo, como se fosse um trabalho mesmo. Planejar a semana de estudo, começar o dia já sabendo o que vai ter que estudar e só parar quando tiver concluído aquilo que foi proposto a fazer.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Camila: Conheci o Estratégia buscando na internet “melhor cursinho para auditor fiscal” (risos!). Eu não tinha ninguém para me orientar e estava entrando em um mundo totalmente desconhecido. Por sorte, com o tempo, descobri que o Estratégia realmente era uma referência na área fiscal.
Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? O que funcionava melhor para você? Videoaulas, PDFs, livros?
Camila: Meu estudo foi 90% com base em PDF’s. Videoaulas eu só assistia para as matérias eu tinha mais dificuldade, e livros eu só usei um da Constituição Federal e um do Código Tributário Nacional, logo no comecinho dos estudos.
Estratégia: Quantas horas por dia costumava estudar?
Camila: Sem edital na praça, estudava em torno de 6 a 8 horas por dia. Com edital, em média, 8 horas por dia. Porém, com o tempo, fui mudando minha forma de estudar. Comecei a estudar por metas. Continuava marcando minhas horas de estudo apenas para ter uma noção, mas a quantidade de horas por dia deixou de ser tão importante para mim. O que importava mesmo era terminar minha meta de forma bem feita.
Estratégia: Uma das principais dificuldades de todo o concursando é a quantidade de assuntos que deve ser memorizada. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso?
Camila: No começo, eu mesma montava meu plano de estudos. Achava que eu era uma pessoa organizada e que poderia me virar sozinha. Mas, quando comecei a fazer as provas, vi que poderia melhorar em muita coisa se tivesse alguém para me auxiliar. Então, comecei a fazer uma consultoria que montava meu plano de estudos. Foi justamente com essa consultoria que mudei minha forma de estudar. Passei a estudar por metas e o que importava não eram minhas horas de estudo, mas, sim, terminar minha meta de forma bem feita. Estudava várias matérias ao mesmo tempo. A quantidade de matérias variava, a depender do concurso que eu estava visando no momento, mas sempre em torno de 10 a 18 matérias. Meus resumos eram feitos com base em mapas mentais que eu pegava já prontos e, a partir desses mapas, eu ia acrescentando o que achava necessário e deixando o mapa com a “minha cara”. Mesmo quando já estava mais avançada nos estudos, focava na releitura da teoria e em muuuitos exercícios.
Estratégia: Você tinha mais dificuldade em alguma(s) disciplina(s)? Quais? Como você fez para superar estas dificuldades?
Camila: Isso mudou muito com o passar do tempo de estudo. Logo que eu comecei a estudar para concursos, como uma aluna iniciante e formada em Engenharia, eu praticamente só não tinha dificuldade em Raciocínio Lógico e Matemática Financeira. Tive muita dificuldade para me acostumar com a linguagem das matérias de Direito, para inserir no meu dia a dia a leitura da lei seca, para aprender Contabilidade. Aquele contato inicial foi bem complicado. Mas com o tempo a gente vai se acostumando e vendo que não é tão complicado assim.
Já como uma aluna avançada nos estudos, minhas maiores dificuldades foram com Tecnologia da Informação, Economia e o combo Direito Civil e Direito Empresarial. TI e Economia são matérias que eu considero, de fato, mais complicadas. E Direito Civil e Empresarial são matérias muito extensas, que geralmente têm um peso baixo na área fiscal e a gente sempre acaba deixando para estudar na correria do pós-edital. Todas elas foram vencidas com muita leitura e releitura da teoria e, principalmente, MUITOS exercícios. Com a prática, você começa a ver que as questões vão se repetindo e as coisas começam a entrar na nossa cabeça.
Estratégia: Você é casada? Tem filhos? Namora? Mora com seus pais? Sua família entendeu e apoiou sua caminhada como concurseira? Se sim, de que forma?
Camila: Moro com meus pais e comecei a namorar no meio da minha caminhada como concurseira. Tanto meus pais quanto meu namorado me apoiaram 100%!
Meus pais sempre deram todo o apoio financeiro que eu precisei para poder comprar materiais, fazer cursos, pagar inscrições e viagens para fazer provas. Também deram todo o apoio, acreditando que eu ia conseguir, nunca me cobraram aprovação em determinada prova e sempre me acolheram nas minhas reprovações.
Meu namorado foi meu parceiro, uma pessoa que me mostrou que eu não precisava ser aprovada para aproveitar a vida, que eu podia ter uns pequenos momentos de diversão e isso não tiraria minha aprovação; que entendeu todas as minhas ausências em aniversários, festas, finais de semana, porque eu tinha que estudar; que tinha orgulho da minha trajetória.
Tanto meus pais quanto meu namorado, e muitos amigos, acreditavam em mim mais do que eu mesma, e o apoio deles fez toda a diferença para eu alcançar a aprovação.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social?
Camila: Eu tive fases quanto a esse aspecto. Logo que comecei a estudar, fui totalmente radical, não saia para lugar nenhum e achava que não poderia ter vida social para ser aprovada. Com os anos passando, vi que manter esse estilo de vida seria impossível. Uma hora eu ia surtar! Aos poucos, comecei a me permitir a ir ao aniversário de uma amiga, a um almoço de família, a tirar um final de semana para relaxar. Porém, essa vida social era muito mais restrita quando tinha algum edital na praça. Era o momento em que eu, realmente, tirava uns meses para me dedicar por inteiro a aquilo ali e abdicava muito do convívio social.
Estratégia: Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior?
Camila: Acho que isso depende do nível de maturidade no estudo. Se for uma aluna iniciante, acho que não vale a pena mudar o foco daquele concurso dos sonhos. Porém, sendo uma aluna avançada nos estudos, e diante de uma situação em que não haja previsão de edital do seu objetivo maior, acho que vale sim tentar outro concurso, principalmente sendo um concurso da mesma área ou um que tenha muitas matérias parecidas.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao concurso em que foi aprovado?
Camila: Eu comecei meu estudo para concurso em 2015. Fiz minha primeira prova em 2017, mas não foi para a área fiscal. Minha primeira prova da área fiscal foi em 2018 e, desde então, foquei exclusivamente nessa área. Especificamente para o concurso em que fui aprovada, foram 3 meses de estudo. Nesses 3 meses, eu revisei o que eu já havia estudado e foquei nas matérias que eram novidades para mim (no caso, Economia e Legislação Tributária de Alagoas).
Estratégia: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados?
Camila: Não tem palavra que consiga descrever a sensação ao ver nosso nome na lista de aprovados. É uma mistura de sentimentos muito grande. Você fica se perguntando se é de verdade mesmo. Aí, depois que você consegue absorver tudo, e depois que a emoção do momento passa, a sensação é de alívio, de dever cumprido e de orgulho da sua trajetória.
Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova? E véspera de prova: foi dia de descanso ou dia de estudo?
Camila: A semana anterior à prova foi um momento de revisão para mim. Tentei passar pelo máximo de assuntos possíveis, através de meus resumos, ler MUITO a legislação de Alagoas, refazer questões que eu havia “favoritado” e não tentar aprender nada novo. Queria trazer para memória de curto prazo os assuntos que eu já estava bem e fortalecer aquilo que eu já havia aprendido.
Estratégia: No seu concurso, tivemos, além das provas objetivas, as provas discursivas. Como foi seu estudo para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Camila: Para essa prova, comprei um curso específico para discursivas e fiz uma questão por semana do tema proposto pelo curso. O meu conselho é (falando especificamente da área fiscal): estude MUITO, MUITO, MUITO a legislação tributária do concurso que você estiver fazendo. Se você souber muito a legislação, você já tem 80% da prova discursiva na mão. Os outros 20% você consegue praticando, aprendendo a montar uma estrutura de texto básica e sabendo lidar com o tempo para montar seu texto.
Estratégia: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação (se é que houve), quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS?
Camila: Vou juntar algumas dicas, com base nos meus erros e acertos ao longo da minha caminhada, que acredito que possam ajudar outras pessoas.
Primeiro, escolha uma área e se dedique apenas a ela. Quem quer abraçar tudo, acaba não conseguindo fazer nada bem. Segundo, faça prova. Você precisa sentir, na prática, o que é ter que viajar para outro estado, muitas vezes sozinho, ficar em um hotel, pegar o engarrafamento da entrada, esperar na sala, lidar com o tempo e com as pegadinhas na hora da prova. Por mais que você faça um simulado em casa, você NUNCA vai chegar nem perto do que é fazer uma prova.
Terceiro, se você tiver condições, pague alguém especializado para montar um planejamento de estudos para você. Não tem como ou prefere fazer você mesmo? Então, tire uma semana, se precisar até duas, e monte um planejamento de estudo, crie pequenas metas e cumpra-as! Se você é da área fiscal, tire 20, 30 minutinhos TODOS os dias para fazer umas questões de Legislação Tributária. Todo mundo vai para a prova para fechar essa matéria. Você também tem que ir.
Quarto, não abra mão de toda a sua vida social. Você pode demorar anos para passar. Ficar sem ver amigos e família por uns 2, 3 meses é possível, mas ficar sem eles por anos, não é. Permita-se ir a um almoço de família, ao aniversário do seu amigo, sair para jantar com seu namorado(a). Umas horinhas de distração só vão fazer bem para sua cabeça e vão te dar mais ânimo para estudar.
E, por último, acredite em você! Qualquer um que tenha disciplina e resiliência consegue um dia alcançar o cargo sonhado.
Estratégia: O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação? Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, como fez para seguir em frente?
Camila: O mais difícil da minha caminhada foi a total dependência financeira dos meus pais. Apesar de nunca terem me cobrado nada, nem terem exigido nenhuma aprovação ou reclamado das minhas reprovações, essa exigência é algo que vem de nós mesmos. O segredo é entender que isso é uma fase, que uma hora ela vai passar e, um dia, vamos poder retribuir tudo o que eles fizeram por nós.
Acho que todo concurseiro tem esse momento de pensar em desistir. Principalmente, aquele que, assim como eu, estuda há muito tempo. Nessas horas, a gente tem que olhar para trás e enxergar tudo aquilo que já abrimos mão para chegar onde estamos; temos que olhar o quanto já evoluímos como estudantes e, principalmente, temos que olhar para o futuro, para onde sonhamos estar.
Estratégia: Qual foi sua principal motivação?
Camila: Eu tinha um objetivo e só pararia quando chegasse lá. Minha motivação sempre foi essa: preciso alcançar aquilo que eu disse a mim mesma, e aos outros, que um dia eu conseguiria.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso. Deixe-nos sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Camila: Acabei passando meus conselhos na questão em que me perguntaram sobre meus erros e acertos. Então, só para finalizar, queria dizer uma coisa, tanto para os que estão iniciando quanto para os que já estudam há algum tempo. Sabe aquela frase que muitos dizem por ai? “Só não passa quem desiste”. Ela é a maior verdade que existe. Não desista. Sua hora também vai chegar e NADA vai tirar sua vaga de você. Todo mundo tem sua hora, você, por mais que acredite que não, também terá.