Aprovado em 6° lugar no concurso TSE Unificado (TRE-RN) para o cargo de Analista Judiciário - Área Administrativa
Tribunais
“Se você está começando agora, saiba que todos que passaram em um concurso público partiram do mesmo ponto que você está agora. Cada indivíduo tem seus privilégios e suas dificuldades. Saiba escutar as pessoas e identificar as que estão ao seu lado para somar […]”
Confira nossa entrevista com Ian de Lima Lopes, aprovado em 6° lugar no concurso TSE Unificado (TRE-RN) para o cargo de Analista Judiciário – Área Administrativa:
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam conhecê-lo. Qual a sua formação, idade e cidade natal?
Ian de Lima Lopes: Bem, eu sou o Ian, tenho 30 anos, natural da pequena cidade do interior do Rio Grande do Norte, chamada Coronel João Pessoa.
Comecei minha vida acadêmica lá no ano de 2012, inicialmente no curso de Engenharia Elétrica. Foi um curso que eu não curti muito e também não consegui acompanhar as matérias. Com isso, acabei optando por migrar para o curso de Gestão de Políticas Públicas, ao qual me formei.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Ian: O concurso público sempre foi uma aspiração desde muito jovem. Mas acreditava que não era uma via possível, achei que fosse um caminho impossível de trilhar e obter êxito. Um primeiro gatilho para iniciar os estudos veio com a aprovação de um colega do tempo de universidade, o Kanauã Viera — ao qual faço uma menção honrosa por ter sido um grande amigo e irmão nessa jornada de estudos — que foi aprovado em mais de um TRT.
Outro importante impulsionador foi o concurso da Anatel, que ocorreu no ano de 2024. Após a universidade migrei para a iniciativa privada e lá pude trabalhar diretamente com a regulação promovida pela Anatel, por conhecer a Agência de perto e seus instrumentos normativos, achei que poderia ser um pré-requisito para o êxito no concurso. Para ser sincero, o concurso da Anatel acabou sendo um instrumento encorajador, porque quando comecei a estudar, vi que o edital do TSE Unificado estava pra sair, larguei a Anatel e migrei integralmente para o TSE.
Estratégia: Você trabalhava e estudava? Se sim, como conciliava?
Ian: No dia que decidi estudar para concurso, foi o mesmo dia que pedi demissão do serviço privado. Tudo aconteceu muito rápido e optei por me dedicar integralmente aos estudos.
Estratégia: Em quais concursos já foi aprovado? Em qual cargo e em que colocação? Pretende continuar estudando?
Ian: Antes do concurso do TSE, fiz a prova do TRF-5, para o cargo de Analista Área Administrativa. Mesmo sem estudar, fiz uma boa prova e consegui ficar na 25ª colocação — a expectativa de nomeação é baixíssima, mas estar em sala de prova me deu experiência e motivação para a prova do TSE.
No TSE consegui aprovação tanto no cargo de Analista Judiciário – Área Administrativa (6ª colocação) quanto no cargo de Técnico Judiciário – Área Administrativa (9ª colocação).
Sigo estudando para concursos com o intuito de tentar consolidar uma vaga para o cargo de Analista Judiciário.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos e família?
Ian: Nesse momento optei por filtrar melhor as minhas ocupações, não virei uma pessoa totalmente avessa ao mundo, mas sempre fazia o cálculo se aquilo iria prejudicar os meus estudos ou se seria um momento de lazer importante para aliviar a tensão e o estresse.
Se eu puder dar um conselho, é que você trate os estudos como um trabalho, se você quer ser reconhecido e promovido, você deve ter cuidados que irão melhorar o seu desempenho no trabalho. Por exemplo, se você foi convidado para fazer algo num domingo e isso vai te deixar extremamente cansado (ou com aquela famosa ressaca) para a segunda-feira, pense duas vezes.
Estratégia: Sua família e amigos entenderam e apoiaram sua caminhada como concurseiro? De que forma?
Ian: Todos compreenderam a importância daquela decisão. Apesar de estar deixando o emprego formal, acredito que as pessoas entenderam que eu estava tentando alcançar objetivos mais prósperos e que isso seria bom para todos. Meus pais, o restante da família, minha noiva, todos me apoiaram de diversas maneiras, dado que a minha única ocupação foi estudar.
Muitas vezes precisamos construir essa confiança prévia, as pessoas não têm obrigação de te apoiar se você não é, em contrapartida, uma pessoa que tem mostrado merecer esse apoio. Faça valer o esforço de cada um que está ao seu lado e que está confiando em ti. Faça as pessoas de seu entorno entenderem que o seu sucesso será também o sucesso deles.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao último concurso? O que fez para manter a disciplina?
Ian: O concurso do TSE foi a minha primeira experiência com o mundo dos concursos. Estudei por quase 11 meses para fazer a prova.
A disciplina é um processo construído lentamente, quanto mais você investe nela, maior será o lastro que te manterá disciplinado. À medida que você vai empregando esforço e dedicação, a vontade de desistir vai diminuindo, porque aquilo que um dia foi algo pequeno, vai se tornando um grandioso projeto e isso será o que te fará continuar.
Diversos são os dias que você acorda e gostaria de estar fazendo qualquer coisa, menos estudar. Nesses momentos, você precisa compreender o motivo pelo qual você luta, por quem você luta e aquilo que você pode alcançar quando a vitória chegar.
Pessoalmente, optei por estudar sem parar um dia sequer, do dia que comecei a estudar até hoje, jamais fiquei sem estudar alguma coisinha, por pouco que fosse. Por exemplo, se eu viajasse dois dias, eu marcava 1 horinha no relógio a cada dia e ia estudar. Se eu iria aprender muito ou pouco, não era esse o intuito, a máxima era manter a chama acesa, era semear algo diariamente. Disciplina não é estudar 10 horas, 7 dias por semana, disciplina é manter uma frequência que você entendeu ser viável para a sua realidade.
Estratégia: Quais materiais e ferramentas você usou em sua preparação?
Ian: A minha preparação foi baseada em material escrito — o famoso PDF —, utilizei aulas em vídeo somente em situações excepcionais. Outra ferramenta que também utilizei foi a contratação do “Estudo Acompanhado” do próprio Estratégia. O material escrito tem a competência de te fazer raciocinar melhor, é o processo de assimilar cada frase lida que promove o aprendizado mais sólido. Boa parte do estudo é fazer o seu cérebro se incomodar, é fazer ele trabalhar para conectar e compreender ideias. A aula em vídeo, se não for utilizada com cuidado, pode passar a falsa sensação de aprendizagem, por isso, é importante sempre fazer questões para compreender se de fato houve uma boa assimilação do conteúdo. Isso não significa que você deve estudar 100% por PDFs, mas que você precisa compreender o que funciona melhor para cada situação. Um conteúdo mais complexo, pode ser interessante ouvir direto pelo professor em vídeo, um podcast é ótimo para ouvir enquanto viaja. Utilize com estratégia todas as ferramentas que tem em mãos.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Ian: O Estratégia é uma referência consolidada no mundo dos concursos, uma breve pesquisa e você o encontra. Consultei alguns amigos que também utilizavam o Estratégia e optei por ficar integralmente na plataforma.
Estratégia: Como montou seu plano de estudos?
Ian: Todo o meu plano de estudos foi baseado numa mentoria que contratei, isso foi determinante para a compreensão daquilo que era importante fazer. Existem muitas pessoas que irão te direcionar nesse sentido.
Eu tinha uma meta semanal de 50 horas líquidas, achava importante a contagem porque isso gerava um senso de obrigação e de autocobrança. A definição das horas de estudo foi essencial para a minha disciplina, eu sempre procurava cumprir as horas e tratava como se trabalho fosse. Se você está doente, não se cobre se as horas não foram cumpridas, isso é normal na vida de todos. No entanto, se você está com tempo livre e sem nenhum imprevisto, busque cumprir com sua obrigação acordada consigo mesmo.
Em relação às matérias, eu as dividia dentro dessas 50 horas. Cada matéria, conforme sua importância para o concurso, tinha seu tempo reservado naquele conjunto de horas. Se ao final da semana eu tivesse cumprido as horas destinadas à matéria, o planejamento havia sido bem-sucedido.
Estratégia: Como fazia suas revisões?
Ian: As minhas revisões eu fazia à medida que concluía os PDFs, sempre retornando ao material desde o aula 00 para revisitar anotações que fazia no próprio corpo do PDF. Também é um grande instrumento de revisão para a resolução de questões. Se a PDF é sobre Licitações, resolver as questões daquele tema é uma forma primordial para revisar o conteúdo.
Estratégia: Qual a importância da resolução de exercícios? Lembra quantas questões fez na sua trajetória?
Ian: Nenhuma pessoa consegue êxito no concurso sem fazer exercícios. Por mais que você leia o conteúdo do edital inúmeras vezes, isso não te habilita a fazer uma boa prova. São as questões que repassam ao candidato a capacidade de concorrer em alto nível nos concursos. As questões traduzem aquilo que a banca espera de você, são o elo entre o edital e a prova.
Na preparação para o TSE eu fiz pouco mais de 15 mil questões, não sei se isso é um número grande de exercícios comparado aos outros candidatos. No entanto, eu prezava também pela qualidade, sempre tentando compreender o porquê de ter errado determinada questão e também o porquê de ter acertado determinada questão. É importante compreender o seu mérito em cima dos erros e acertos, porque isso vai te dar experiência para marcar a “bolinha” certa no dia da prova.
Estratégia: Quais as disciplinas você tinha mais dificuldade? Como fez para superar?
Ian: Notadamente a matéria que tive maior dificuldade foi português — inclusive tenho até hoje. No início dos estudos foi um processo bastante frustrante, me dedicava muito à matéria e mesmo assim os percentuais de acertos eram aquém em relação às outras disciplinas. A frustração faz parte do processo de estudos para concursos, todos vão passar por isso em dada circunstância. Para amenizar essa dificuldade contratei uma professora de português. Fazíamos sessões individuais de resolução de questões (tudo por videochamada) e com isso ela foi compreendendo as minhas fragilidades e a fomos melhorando juntos. Tudo envolve a persistência, de tanto tentar, as coisas vão clareando. Meus percentuais na matéria hoje são um pouco melhores, mas nada excepcionais.
Para ser aprovado, não precisa acertar todas as questões de todas as matérias, procure fazer aquilo que está ao seu alcance, e acertar na média mais que os outros.
Estratégia: Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova e no dia pré-prova?
Ian: A semana de prova é uma etapa bastante difícil, são muitos fatores que estão em jogo e é normal que a ansiedade esteja um pouco elevada. Nesse período eu não aumentei a carga de estudos e foquei em rever as minhas anotações, também não fiquei fazendo questões e nem simulados. O foco foi estudar sem criar eventuais frustrações, como errar questões ou tirar nota ruim em simulado.
O meu conselho é que você não tente resolver sua vida na semana de prova, ninguém é aprovado em 7 dias, sua aprovação foi construída há muito tempo, a semana de prova é só um momento para revisitar anotações e materiais pontuais. Nesses dias é importante sair de casa, dar uma volta, caminhar em algum lugar legal, tentar fazer a sua cabeça relaxar um pouco.
No dia pré-prova fiquei somente na revisão de véspera do Estratégia, se eu fosse fazer uma revisão por conta própria, seria um caos e iria aumentar a minha ansiedade, entreguei nas mãos dos professores a responsabilidade de separar aquilo que é melhor pra mim.
Estratégia: No seu concurso, além da prova objetiva, teve a discursiva. Como foi sua preparação para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Ian: Inicialmente optei por estudar apenas para o cargo de Técnico Judiciário, que não tinha prova discursiva. Ocorre que o TSE decidiu adiar a prova que seria em setembro de 2024 para dezembro de 2024. Com isso pensei “agora dá tempo estudar também para o cargo de Analista”. Foram poucos meses estudando para a discursiva, mas consegui a nota máxima em conteúdo na redação.
A redação é uma prova difícil, mas totalmente contornável. É muito importante ter o hábito da leitura, escrever bem é fruto da boa leitura, por isso, esteja atento ao que acontece no mundo, aos temas relevantes.
Outro processo importante é ouvir e aplicar aquilo que os professores ensinam, são eles que conhecem o que a banca espera que você escreva, são eles que sabem os critérios de correção. Não fique tentando “inventar a roda”, siga os conselhos de quem está todos os dias se especializando naquele tópico.
Por fim e mais importante, a prática, escreva muitas redações, pelo menos uma por semana. Se possível, contrate alguém para corrigir sua redação, essa pessoa fará os apontamentos daquilo que precisa melhorar e você vai refinando seu texto a cada nova redação escrita.
Estratégia: Quais foram seus principais ERROS e ACERTOS nesta trajetória?
Ian: É difícil falar em erros, porque eles são parte da trajetória e não é possível cravar que determinada ação foi de fato um erro. Acredito que um erro foi ficar travado por muito tempo em certos assuntos, me incomodava muito quando não conseguia aprender algo e às vezes ficava uma manhã inteira vendo somente aquilo sem sair do lugar, pode ser que isso tenha impedido que o aprofundamento em outros assuntos, a gestão do tempo é muito importante nessa jornada.
Em relação aos acertos, o principal foi ter ouvido as pessoas que estavam há mais tempo nessa caminhada. Foi muito importante ouvir aprovados, ouvir professores, mentores, toda essa bagagem foi me guiando para o caminho certo. Outro acerto foi ter tratado o estudo como trabalho, com a seriedade e importância que ele tem. Acordava religiosamente no mesmo horário todos os dias, tirava somente 1 hora de almoço, e seguia dia a dia repetindo essa jornada trabalhista.
Estratégia: Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, qual foi sua principal motivação para seguir?
Ian: Jamais pensei em desistir. Desistir nunca foi uma opção, até pela decisão que tomei de largar o emprego e me dedicar somente aos estudos. Eu saí da iniciativa privada com o sonho de acessar o serviço público, poderia ser em qualquer cargo, em qualquer lugar.
No entanto, por vezes eu me questionei se seria capaz conseguir a aprovação, isso, sim, me ocorreu em diversos momentos. O medo, a dúvida são elementos da caminhada, mas para contornar isso, esteja ao lado das pessoas que você gosta, se apegue às suas crenças, respire. Se o dia estiver muito difícil, tire um tempinho para você mesmo, descanse. O dia seguinte será mais leve e a jornada continuará.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso? Deixe sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Ian: Se você está começando agora, saiba que todos que passaram em um concurso público partiram do mesmo ponto que você está agora. Cada indivíduo tem seus privilégios e suas dificuldades. Saiba escutar as pessoas e identificar as que estão ao seu lado para somar. Saiba receber os elogios e os inconvenientes. Não acredite em fórmula mágica, passar em concurso dá trabalho, mas é um trabalho recompensador, o estudo vai transformar a sua vida e a de seus entes queridos para sempre.
E por fim, se entregue na caminhada e seja a cada dia um pouco Dom Quixote, conforme suas palavras:
“Sonhar o sonho impossível, sofrer a angústia implacável, pisar onde os bravos não ousam, reparar o mal irreparável, amar um amor casto à distância, enfrentar o inimigo invencível, tentar quando as forças se esvaem, alcançar a estrela inatingível: essa é a minha busca.”.