Aprovada no concurso UFJF
“A base emocional é muito importante. Tem que entender, logo de cara, que concurso é plano para médio/longo prazo, que são poucas pessoas que vão passar e ser nomeadas logo no primeiro concurso que fizerem. Prepare-se psicologicamente para todo esse processo, para não correr o risco de desistir no meio do caminho”
Confira nossa entrevista com Samila Ribeiro de Paiva, aprovada em 10º lugar no concurso da Universidade Federal de Juiz de Fora no cargo de Técnico-Administrativo em Educação:
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam te conhecer melhor. Você é formada em que área? Qual sua idade? De onde você é?
Samila Ribeiro: Sou formada em Turismo e especialista em Gestão de Negócios. Tenho 32 anos e sou de Rio Novo – MG, mas moro há muitos anos em Juiz de Fora – MG.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Samila: Trabalhei por 9 anos em uma empresa e depois de ser demitida percebi que a estabilidade, que para mim era tão importante, só existiria através de concursos públicos.
Estratégia: Durante sua caminhada como concurseira, você trabalhava e estudava (como conciliava trabalho e estudos?), ou se dedicava inteiramente aos estudos para concurso?
Samila: Desde que iniciei minha preparação me dediquei inteiramente aos estudos.
Estratégia: Quantos e em quais concursos já foi aprovada? Qual o último? Em qual cargo e em que colocação?
Samila: Fui aprovada em todos os concursos que fiz ate agora (aprovada em todos, mas não dentro do número de vagas dos editais): TRT RJ, TRT SP e agora o da UFJF. Esse final de semana fiz o do MP RJ, mas ainda não saiu resultado, mas tô bem esperançosa de ser aprovada nele também. O último que fiz que já tem resultado é esse da UFJF, que fiquei em 10º na ampla concorrência.
Estratégia: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados/classificados?
Samila: Nesse concurso em específico, a sensação foi de recompensa pelo meu esforço. Realmente foi o concurso que estive mais focada e me preparei melhor então, desde o início, eu coloquei na minha cabeça que eu merecia passar nessa prova.
Eram 7 vagas para ampla concorrência e eu fiquei em 10º. De início foi um choque, fiquei muito frustrada, porque realmente me preparei para esse concurso para passar dentro das vagas do edital e acabei não passando. Sabia que seria nomeada em breve, mas a surpresa veio logo no dia seguinte da homologação do concurso. Saiu a nomeação das vagas do edital e já de algumas a mais, inclusive a minha. Realmente não esperava ser nomeada agora, então foi uma sensação muito diferente. Tive que olhar o DOU umas vinte vezes até ter certeza que aquilo lá realmente era a minha nomeação (rsrs) !
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social?
Samila: Tenho a minha meta de estudo semanal, então se não cumpro essa meta, não saio para me divertir. Pós edital adoto uma postura muito mais radical, realmente são raras as vezes que saio quando o edital já está na praça.
Estratégia: Você é casada? Tem filhos? Namora? Mora com seus pais? Sua família entendeu e apoiou sua caminhada como concurseira? Se sim, de que forma?
Samila: Sou casada e não tenho filhos. No geral fica mais fácil para estudar, porque costumo ficar muito sozinha em casa. Meu marido trabalha em outra cidade e na semana anterior à prova sempre falo para ele não vir para casa nem no final de semana, porque bem ou mal acaba me atrapalhando a estudar (kkkkk).
Hoje em dia acho que as pessoas entendem melhor como é estudar para concursos e o quanto de dedicação é necessária. No início meu marido, apesar de me apoiar muito pra estudar, não entendia o porquê precisava estudar tanto, porquê eu não podia sair para divertir ou porquê não podia aproveitar com ele quando estava em casa no final de semana. Conforme os resultados começaram a sair, ele começou a entender melhor o quanto hoje em dia os concursos são concorridos e o quanto as notas de cortes estão cada vez mais altas.
Acredito, realmente, que quem tá do nosso lado de verdade, sempre vai apoiar as nossas escolhas, por mais que não as entendam.
Estratégia: Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior?
Samila: Comecei a estudar para concursos em janeiro de 2018. Desde então tinha decidido focar em TRTs, aí fiz TRT RJ e TRT SP. Fui aprovada logo no primeiro concurso que fiz na minha vida, no TRT RJ (339 na ampla concorrência) e, na época, realmente achei que tinha chance de entrar, pois no concurso anterior chamaram mais de 800 pessoas. Fiquei muito surpresa com meu desempenho, afinal foram mais de 73 mil inscritos e era meu primeiro concurso. Mas aí vieram as restrições orçamentárias, especialmente na Justiça do Trabalho, as nomeações bem escassas e, sinceramente, já não acho que tenho chance mais.
Logo em seguida fiz o TRT SP, fiquei entre os aprovados também, mas numa colocação bem pior (2850 ampla concorrência). Nesse concurso caiu muita matéria diferente do concurso do TRT RJ e eu tinha tido praticamente 1 mês e meio só para estudar essas disciplinas. Aí continuei estudando para TRTs, com a esperança de sair, principalmente, o TRT BA (que até então era previsto pra 2019). O ano virou, nada de sair TRT, mas eu continuava focada no estudo. Até que surgiram boatos de acabar com a Justiça Trabalhista e a verba foi reduzida ainda mais, nesse momento vi que precisava mudar de foco.
Esse concurso da UFJF estava previsto para esse ano e resolvi estudar para ele, comecei a estudar no final de março. Até então, estava estudando baseada no edital anterior, mas aí em junho saiu o edital com conteúdo programático completamente diferente do anterior. Comprei o curso, porque precisava de material focado e com tudo que eu precisava estudar no pouco tempo que eu tinha. Tinha colocado na minha cabeça que ia passar nesse concurso de qualquer jeito, pois apesar de não ter o salário próximo do TRT, tinha a facilidade de ser para trabalhar na minha cidade, o que já reduz muito as despesas.
Já estava muito desgastada de ficar só estudando, então percebi que para continuar focada eu precisava fazer um concurso escada, para me dar estrutura emocional para seguir estudando. Não é fácil ficar só estudando, a gente acaba abrindo mão de muita coisa e as vezes o emocional acaba atrapalhando muito os resultados. Acredito realmente que esse vai ser o degrau e o impulso que preciso para conquistar outros cargos melhores. Apesar de ter menos tempo para estudar (porque estarei trabalhando na UFJF), acredito que a qualidade do meu estudo vai melhorar muito, por estar com meu psicológico mais equilibrado.
Agora vou traçar novos objetivos. Ainda não desisti dos TRTs, que desde então eram meu foco, mas enquanto a situação da Justiça Trabalhista não melhorar, vou buscar subir outros degraus dessa vida de concurseira. Fiz o MP RJ e agora, assim que passar a minha posse na UFJF (e essa confusão toda de fazer exames e separar documentos pós nomeação), vou definir o próximo concurso que vou fazer.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao concurso que foi aprovada?
Samila: 6 meses
Estratégia: Chegou a estudar sem ter edital na praça? Durante esse tempo, como você fazia para manter a disciplina nos estudos?
Samila: Sim, estudei 3 meses sem edital na praça e 3 meses com edital. Sou muito focada, consigo estudar bem, cumprir os cronogramas que estabeleço, as metas semanais de horas de estudo.
Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? Aulas presenciais, telepresenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas? Quais foram as principais vantagens e desvantagens de cada um?
Samila: Estudei por PDF, videoaulas só das matérias novas (que eu não tinha estudado para os concursos anteriores) e também site de questões. Prefiro estudar por PDF, acho o material mais completo. Uso as videoaulas para os momentos em que já estou mais cansada, mais dispersa, porque aí não precisa de tanta atenção quanto o PDF.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Samila: Quando comecei a pensar em fazer concursos, uma conhecida estava falando, nos stories dela, sobre concursos (ela trabalha no TRT RJ) e aí ela falou que, na época, não tinha estudado pelo material do Estratégia, mas que hoje em dia ela achava que era o material mais completo. Então resolvi adquirir o material e, desde então, só estudo pelo material de vocês.
Estratégia: Uma das principais dificuldades de todo o concursando é a quantidade de assuntos que devem ser memorizados. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso? Falando de modo mais específico: você estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas? Costumava fazer resumos? Focava mais em exercícios, ou na leitura e releitura da teoria? Como montou seu plano de estudos? Quantas horas por dia costumava estudar?
Samila: Em todos os concursos que faço estabeleço meu cronograma. Monto ciclo de estudos, fazendo revezamento das matérias que estudo por dia. Normalmente estudo no início do dia as matérias que tenho mais dificuldade, porque aí estou com a cabeça mais fresca.
Quando não tem edital na praça, coloco como objetivo estudar em média 40h líquidas por semana (no mínimo 35h) e quando tem edital na praça. em média, 50h líquidas por semana. Esse total de horas considerando que não trabalho, fico só por conta de estudar.
No meu cronograma estabeleço as revisões de 24h, 7 dias e 30 dias. Quando não tem edital publicado, faço resumos e mapas mentais. Mas quando o edital está na praça, estudo só baseado na leitura e releitura dos PDFs das matérias que ainda não tenho os resumos e mapas mentais.
Estudo muito baseado em site de questões, principalmente na reta final, quando já rodei a matéria toda pelo menos uma vez. Cada banca tem seu estilo de cobrança e acho que fazer as questões ajuda a entender o jeito de cada banca. Nesse concurso, em específico, isso não foi tão possível pois a banca não tinha muitas questões disponíveis.
Estratégia: Você tinha mais dificuldades em alguma(s) disciplina(s)? Quais? Como você fez para superar estas dificuldades?
Samila: Nesse concurso tive mais dificuldade nas matérias relacionadas a Administração (pois acho muito abstrato) e, principalmente, a matéria de Contabilidade. Nessas matérias de maior dificuldade dedico um tempo maior, assisto todas as videoaulas.
Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova? E véspera de prova: foi dia de descanso ou dia de estudo?
Samila: Durante a semana que antecedeu a prova, aumentei a minha carga horária de estudos, foquei principalmente nas matérias que eu tinha dificuldade e nas que eu não havia estudado ainda para concursos anteriores.
A véspera também foi dia de estudo. Normalmente fico por conta de assistir a revisão de véspera do Estratégia, mas nesse concurso não teve, então tive que fazer minha própria revisão.
Estratégia: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação (se é que houve), quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS.
Samila: Nesse concurso em específico, acho que minha preparação foi muito bem estruturada, mas nos dois concursos anteriores que fiz cometi muitos erros:
– Até então eu não fazia revisões, eu estudava a matéria e achava que tava “ok”. Mas o tempo passa e a gente sempre esquece os detalhes. Depois das duas primeiras provas percebi o quanto era importante fazer revisões e comecei a elaborar meu cronograma de revisões.
– Nesse concurso em específico, não teve prova discursiva, mas nos concursos anteriores tinha (redação) e até então eu não tinha entendido a importância da prova discursiva. Como eu sempre tive facilidade para escrever e tinha ido bem nas redações dos vestibulares que fiz quando era nova, achei que a prova de redação seria tranquila. Mas aí fiz as provas dos TRTs Rio e SP e vi o quanto era importante me preparar para essa etapa. Em ambas as provas caí muitas posições por causa da redação (no Rio, por exemplo, eu estava na colocação 170 e caí para 339 da ampla concorrência depois da correção das redações). Então, depois disso, comecei a estudar muito para redação, inclusive fazendo um curso presencial. Agora acredito que estou melhor preparada para os próximos concursos que tiverem essa etapa.
Sobre os acertos, acho que realmente a minha postura e dedicação fizeram toda diferença. Por ter considerado esse como “o concurso da minha vida”, fiz o meu máximo para que desse certo e isso fez diferença no resultado.
Estratégia: O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação? Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, como fez para seguir em frente?
Samila: É muito difícil estudar para concursos, principalmente quando só estuda. O nível de cobrança (tanto o meu próprio como o de outras pessoas) é muito maior do que de uma pessoa que estuda e trabalha, mas mesmo assim nunca pensei em desistir.
Quando comecei a estudar falei que só pararia quando conquistasse meu objetivo. Não tinha como pensar em perder todo o tempo que gastei estudando para desistir e voltar para iniciativa privada. Da mesma forma estou muito motivada a continuar estudando agora, pois se eu parar vou acabar perdendo todo o conhecimento e experiência que já adquiri, então quero usar isso como vantagem para fazer as próximas provas.
Estratégia: Qual foi sua principal motivação?
Samila: Na época resolvi considerar esse como o “concurso da minha vida”, sabia o quanto ele seria importante para me dar estrutura emocional para os próximos certames. A facilidade de poder trabalhar na minha cidade também me motivou muito.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso? Deixe sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Samila: Acredito que, de início, qualquer concurseiro precisa entender que estudar para concurso não é como estudar para uma prova de faculdade qualquer, a forma de estudar é diferente.
Acho que antes de abrir a primeira apostila de concurso, vale a pena gastar um tempo para entender como são os concursos, entender as melhores formas de estudar para poder testar e criar a sua melhor forma de estudar (afinal tem coisas que servem para uma pessoa e não servem para outra), entender que existem ciclos de estudos, revisões, mapas mentais… Acho que isso tudo faz diferença! Eu não fiz nada que citei, “queimei” algumas etapas e depois fui descobrindo a importância de tudo isso conforme os resultados iam saindo. Por exemplo: se eu tivesse pesquisado, teria entendido a importância da redação, teria estudado para ela antes do meu primeiro concurso e teria chance de não cair várias posições.
Além disso, acho que a base emocional é muito importante. Tem que entender, logo de cara, que concurso é plano para médio/longo prazo, que são poucas pessoas que vão passar e ser nomeadas logo no primeiro concurso que fizerem. Prepare-se psicologicamente para todo esse processo, para não correr o risco de desistir no meio do caminho.
Tentar evitar comparações (afinal cada um tem seu próprio processo de aprendizado), evitar pessoas que estão perto de você fazendo julgamentos e cobranças e ter muita dedicação. Considerar cada prova como a prova da sua vida, cada concurso como o concurso da sua vida, entendendo o que esse resultado pode proporcionar e oferecendo a devida dedicação para algo que tem o potencial de mudar sua vida.
Confira outras entrevistas em:
Foi aprovado e deseja dividir com a gente e com outros concurseiros como foi sua trajetória até a aprovação?! Mande um e-mail para: [email protected]
Um abraço,
Thaís Mendes