Aprovado no concurso do TRT-15
“Pode ser que você tenha outros interesses, mas estudar é algo capaz de mudar a sua realidade. Desconfie de pessoas que pensem o contrário disso. Talvez, se eu não estudasse, estaria fadado a saber apenas o que o “senso comum” sabe ou a enxergar a realidade de uma forma MUITO mais restrita”
Confira nossa entrevista com Ígor Donini, aprovado no concurso do Tribunal Regional do Trabalho da 15º Região, em 6º lugar, no cargo de TJAA – Polo Ribeirão Preto:
Estratégia: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam te conhecer melhor. Você é formado em que área? De onde você é?
Ígor Donini: Meu nome é Ígor, sou natural da pequena cidade de Rincão-SP. Sou formado em Engenharia Física, pela Universidade Federal de São Carlos e mestre em Biotecnologia, pelo Instituto de Química da Unesp de Araraquara.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Ígor: Eu sempre fui um cara muito curioso, com múltiplos interesses. Acredito que essa coisa de profissão x ou y nos deixa engessados, ao ficarmos focados em coisas restritivas. Acredito que podemos fazer muitas coisas e ser muitas outras.
No meu caso, eu sempre me interessei por ciências e matemática. Desde pequeno, gostava muito de escrever também e isso me levava a gostar de português. Mais tarde, na época do vestibular, eu procurei buscar olhar para uma matéria como algo que, se eu estudasse a fundo, iria começar a gostar. Eu acreditava (e ainda acredito) que estudar algo a fundo é a diferença que nos faz gostar ou não daquela disciplina. É como se fosse uma espécie de “Síndrome de Estocolmo”, aplicada aos estudos (rsrs).
Neste aspecto, eu queria seguir na carreira acadêmica desde cedo, sabia que estudar era algo que eu gostava. Trabalhei em algumas empresas, desde pequeno porte, em uma start up, em uma usina de açúcar e álcool, e também na maior indústria de suco de laranja do mundo. Tive boas experiências, mas gostaria de fazer algo que ajudasse as pessoas e não somente que buscasse aumentar a remuneração de um acionista ou ficasse atrás daquelas metas para “inglês ver”.
Quando decidi entrar no doutorado, no primeiro semestre de 2016, venci toda burocracia para fazer um bom projeto. Mas não consegui financiamento para a pesquisa, em virtude dos cortes governamentais. Tive que tentar uma saída. Hoje o custo de vida é muito alto nas cidades brasileiras, ainda mais quando falamos em ficar 4 ou 5 anos fazendo pesquisa, de 10 ou 12 horas por dia. Sem dinheiro fica impossível.
Tomei a decisão de voltar para a minha pequena cidade natal, em junho de 2016, e ajudar a minha família que atravessava o início do período da crise econômica, que ainda assola muitas famílias brasileiras. Lá eu poderia ajudá-los e também poderia estudar para concursos (que eu comecei a ver que tinha muito a ver comigo). Sabia estudar, tinha curiosidade e gana. Caiu como uma luva.
Seria o melhor caminho no momento e também seria bom aprender algo com meus pais, já que eu saí de casa bem cedo (ainda com 14 anos, quando fui estudar na escola técnica integral da Unesp, em Jaboticabal – onde fui aprovado em primeiro lugar na prova de admissão, realizada pela VUNESP e com 731 participantes).
Comecei estudando para a Receita Federal e BACEN, em junho de 2016. Fiquei 1 ano focado nestes dois concursos. Aprendi muito e “ralei” barbaridades. Mas as notícias seguiam com cancelamentos de concursos e nem sinal dos dois certames aparecerem.
Em junho de 2017, 12 meses depois de ter começado e sem ter prestado um concurso sequer (havia estudado todo o material do BACEN e da RFB!), eu pensei em abandonar os concursos e voltar a trabalhar fora. Fiquei um mês sem estudar e muito chateado por não ter os concursos que eu queria prestar.
Felizmente, em julho de 2017 voltei a estudar forte e decidido a prestar o que aparecesse. Vi que uma onda de Tribunais estava vindo e eu gostaria de tentar. Entrei fundo na área trabalhista, pois foi aquela que brilhou meus olhos (acho importante sentir isso, pois se você está estudando para algo que não gosta, não sei se isso o fará tão competitivo).
Minha primeira prova “pra valer” foi o TST, em novembro de 2017. Fiz, para “treinar”, as provas da Câmara de Araraquara e o ISS de Bauru, em torno de 1 mês antes do TST. Descobri que tinha um talento nato para Raciocínio Lógico.
Gostei muito das matérias do TST (que são as mesmas dos TRTs, praticamente). Comecei a me apaixonar por direito do trabalho e a gostar de escrever, principalmente, sobre temas sociais, que a FCC adora.
Fiquei bem perto de ter as redações corrigidas de TJAA e AJAA do TST, mesmo tendo estudado menos de 3 meses para a prova. Vi que estava no caminho certo, finalmente.
Segui firme na batalha depois disso e as aprovações eram uma questão de tempo.
Estratégia: Durante sua caminhada como concurseiro, você trabalhava e estudava, ou se dedicava inteiramente aos estudos para concurso?
Ígor: Eu trabalhava com minha família, na minha cidade (minha mãe tem uma loja de roupas e meu pai trabalha na área imobiliária) e lá era bem tranquilo, comparado à rotina das grandes cidades.
Não perdia tempo no trânsito e não tinha muito lazer. Conseguia ganhar 2 a 3 horas diárias de estudo a mais, quando comparado com quem precisava se locomover para trabalhar em uma grande cidade, por exemplo.
Considero que essa foi uma boa escolha (a de voltar a morar na minha cidade): custo de vida baixo, bastante tempo para estudar, poucas distrações. Conseguia conciliar bem e ainda fazer 7-8 horas líquidas diárias. Acordava cedo e ia dormir tarde. Aos finais de semana estudava mais do que deveria, tinha dificuldades para descansar, algo que ainda preciso melhorar.
Estratégia: Quantos e em quais concursos já foi aprovado? Qual o último? Em qual cargo e em que colocação?
Ígor: O mais recente foi o cargo de TJAA do TRT15, na regional de Ribeirão Preto, no qual eu logrei a 6ª colocação. Também fui aprovado: em 1º lugar no cargo de Analista Legislativo da Câmara Municipal de São Joaquim da Barra (também na região de Ribeirão Preto), realizado pela banca VUNESP dia 01/07/2018, sendo nomeado já em setembro de 2018 e no qual estou trabalhando.
Também fui aprovado, em 2º lugar, no cargo de Analista de Compras da área da saúde (SUS), no qual eu estava trabalhando antes de assumir na Câmara de SJB.
Estratégia: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados?
Ígor: Incrível. Eu acabara de estacionar o carro para entrar no trabalho e entrei em um grupo do whatsapp (de pessoas que haviam prestado a prova do TRT15) e todo mundo estava aflito! O resultado não saía. Até que alguém postou a imagem das primeiras colocações e meu nome estava em sexto.
Fiquei pensando: puts! Tem um cara com o nome igual o meu em sexto! Que droga! Fiquei pensando na probabilidade disso ser verdade…
Continuei andando e alguns minutos depois pensei: rapaz, acho que sou eu mesmo! Demorou um tempo até a ficha cair (rsrs).
Estratégia: era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social?
Ígor: Vida social foi algo que eu tive que aprender a curtir mais. Eu sempre fui de estudar muito e isso começou a diminuir a minha criatividade, pois gerava ansiedade. Cada um tem um ponto de equilíbrio e só você pode dizer qual é o seu. Cada pessoa tem algo que traz “um colorido” para sua vida. Para se manter focado, a vida precisa ter “cores”. Eu sempre penso nisso.
Eu sempre gostei muito de fazer esportes e praticava alguma atividade todo dia. No começo achava que isso iria me atrapalhar, mas no final acredito que foi isso o que mais me ajudou. Se você sair para pedalar, correr, etc.., 30 minutos ou mais por dia, seu rendimento aumenta exponencialmente. Às vezes combinava de pedalar com os amigos. Eu acabei até criando a página digitalcycling.com.br com amigos para escrever diariamente sobre ciclismo (que é um esporte que cresce em todo o mundo). Perdia um tempinho fazendo isso, mas tem valido muito a pena.
Sair aos finais de semana é muito importante também. Eu não fico um sábado a noite estudando, é proibido! Nem que seja para sair e visitar uma tia ou um primo.
Eu nunca fui muito de ir em balada, mas gostava de ir ao cinema, barzinho com os amigos ou com a namorada. Não é possível alguém manter o pique de estudos, ficando alienado dentro do quarto durante meses. Isso é antinatural.
Acho que é válido selecionar um pouco as pessoas que estão ao seu redor. Aquelas que te ajudam, daquelas que te atrapalham. Somos, muitas vezes, cercados por pessoas negativas, com comentários que não vão te ajudar a vencer. Às vezes é bom rever isso. Hoje, acredito que ter um bom círculo de amigos (algo fácil com as redes sociais), é a chave para se manter focado e competitivo.
Pensando nisso, eu me lembro que, no começo, eu não conhecia ninguém que prestasse concursos. Mas fazendo algumas provas, peguei inúmeros contatos. São aquelas pessoas que vão fazer a mesma prova que você e que você conhece antes ou depois da prova, que divide um Uber ou fica quebrando a cabeça sobre uma questão em frente da escola, para saber a resposta. Essas pessoas valem ouro, pois estão na mesma batalha que você e passando pelas mesmas dificuldades.
Por isso, um conselho: faça provas e não deixe de pegar contatos com outros guerreiros na jornada!
Estratégia: Você é casado? Tem filhos? Namora? Mora com seus pais? Sua família entendeu e apoiou sua caminhada como concurseiro? Se sim, de que forma?
Ígor: Sou solteiro e moro em São Joaquim da Barra (SP), a 100 metros da Câmara Municipal da cidade, local em que trabalho. Consegui conciliar tranquilo com os estudos o namoro (mesmo depois de termos terminado, somos bons amigos). Acho que ter uma pessoa companheira e que te apoia é quase meio caminho andado para ser aprovado e acredito que eu tive sorte nesse aspecto.
É lógico que há momentos que as coisas complicam, mas eu sempre fui do tipo que acha que está tudo bem ou vai ficar, e dizia: “bora estudar, pois a procura da batida perfeita é incessante”
Sempre tive muito apoio da minha família e da maioria das pessoas ao meu redor. Isso não tem preço.
Estratégia: Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior?
Ígor: Definitivamente, só passa quem FAZ as provas. Eu mesmo, só em em julho de 2018 fiz 4 concursos:
1/7 – Analista Legislativo – Câmara de SJB (SP): 1º Lugar (já nomeado e empossado).
8/7 – Técnico – DAAE Araraquara (SP) – 2º Lugar (já nomeado e abri mão)
22/7 –TRT 2 – aprovado para TJAA em 856º lugar (tropecei em português, mas mantive o foco)
29/7 – TRT 15 – aprovado em 6º lugar para TJAA, aguardando nomeação.
O foco eram os TRT’s, mas no caminho consegui colher outros frutos, ao prestar provas como preparação. Senti que a evolução é maior quando fazemos mais provas.
Assim, o sofrimento e o foco também são maiores e, talvez, são diretamente proporcionais. Mas esse é o melhor caminho, acredito eu, em qualquer área, para ser aprovado.
Se eu tivesse me abatido com o resultado do TRT 2, não teria ido tão bem no TRT 15. No TRT 2 fiz 35/40 nas específicas, mas errei 4 questões de língua portuguesa (LP). Fiquei muito bravo quando vi a correção. Mas segui firme! Estava bem preparado nas específicas, só precisava corrigir os pontos falhos.
No final, no TRT 15 fiz 19/20 nas gerais (errando apenas uma de LP) e 32/40 nas específicas (que foram de altíssimo nível, talvez a prova de TRT mais difícil da história).
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao concurso que foi aprovado?
Ígor: Foram 11 meses, mas não contínuos. Desde que comecei a estudar para o TST, lá pelo final de agosto de 2017 até a prova do TRT 15, dia 29 de julho de 2018. Nesse meio tempo prestei TRT 2, TRT1, TJ-Interior e alguns concursos de câmaras municipais.
Estratégia: Chegou a estudar sem ter edital na praça? Durante esse tempo, como você fazia para manter a disciplina nos estudos?
Ígor: Continuava estudando com foco nos TRT’s, pois sabia que ia sair. E, no meio, prestava concursos de Câmaras Municipais aqui do interior de SP.
Há uma “onda” de Câmaras Municipais abrindo concursos no interior de São Paulo e tomara que isso se alastre pelo resto do Brasil. São concursos que acontecem devido à exoneração de cargos comissionados. Em muitos lugares as câmaras ainda funcionam realizando serviços administrativos, por meio de cargos comissionados, que são aqueles que só poderiam realizar atividades de Direção, Chefia ou Assessoramento.
O Ministério Público tem atuado com muita veemência, nesse sentido, nas Câmaras paulistas (até onde eu sei), e isso tem levado à realização de muitos concursos.
Em março de 2018 eu também prestei a prova do TJ-SP, cargo de escrevente, mas não foi uma área que fez brilhar meus olhos (apesar de ter ficado de fora por 3 questões). Usei o concurso como preparação e aprendi muito. As disciplinas de direito penal, processo penal e CPC expandiram meus horizontes (já que não sou advogado), pois comecei a enxergar o direito de forma mais abrangente. Além disso, o nível de exigência de Atualidades e Informática da Vunesp, me ajudou em muitos aspectos, até mesmo na vida pessoal.
Hoje, estou retomando os estudos para a área fiscal e é fundamental estudar com MUITA antecedência. Matérias como economia e contabilidade só podem ser aprendidas com muito tempo de preparação.
Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? Aulas presenciais, telepresenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas? Quais foram as principais vantagens e desvantagens de cada um?
Ígor: Os materiais do Estratégia foram suficientes. Professores como Herbert Almeida (sou seu fã! rsrs), Décio Terror, Ricardo Torques, Antonio Daud, Bruno Klipel, Carlos Xavier e tantos outros “monstros”, fizeram a minha jornada ser mais prazerosa e eficiente.
Eu imprimia os materiais e fazia marcações, demorei até perceber que era assim que fazia. Apanhei muito no início. Fazia muitas questões. As questões do material eu fazia todas, às vezes 2 ou 3 vezes. Estudava a mesma aula várias vezes e refazia os exercícios mais complicados. Sempre sem ouvir música, em local tranquilo e sem barulho.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Ígor: Quando comecei a estudar, não queria economizar com material de estudo ou outras coisas que são primordiais. Para atingir qualquer objetivo na vida, é preciso ter estrutura.
Comecei a buscar por bons materiais e fiquei impressionado com a qualidade do Estratégia Concursos. Eu não conhecia ninguém que prestava concursos, saí do literalmente do zero. Colocava “material para concursos” no Google e ia avaliando um a um. As aulas gratuitas foram primordiais para eu fazer essa análise. Fiquei impressionado.
Escolhi o Estratégia devido à qualidade do material e também dada a qualidade do site, sempre atualizado e deixando disponíveis as melhores informações.
Há algumas coisas no Estratégia que me espantam, como correções maravilhosas dos professores logo após as provas, jurisprudências complicadíssimas que os “mestres” deixam mais fáceis, e também muitas informações gratuitas são disponibilizadas, como dicas, aulões, etc. Não tinha como utilizar outro material, o serviço é completo.
Estratégia: Uma das principais dificuldades de todo o concursando é a quantidade de assuntos que deve ser memorizada. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso? Falando de modo mais específico: você estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas? Costumava fazer resumos? Focava mais em exercícios, ou na leitura e releitura da teoria? Como montou seu plano de estudos? Quantas horas por dia costumava estudar?
Ígor: Acho que estudar menos de 5 horas por dia complica muito o ciclo de matérias. Eu imaginava como um emprego. Tinha que fazer 40 horas por semana líquidas, senão sabia que não iria passar.
Eu acho que o caminho é direcionado pelas provas e simulados. Eles vão te ensinando se você está longe ou perto. Se você está errando questões sobre Pregão (10.520/02) ou sobre processo administrativo federal (9784/99), pega essas leis, imprima e faça marcações, faça mais questões, anote os erros.
Atingir um bom nível de performance é como um processo. Tem um input (estudo), transformação (interna e subjetiva ao indivíduo) e output (resultado da prova), aí vem o feedback (avaliação sincera) que vai retroalimentar o input com aquilo que precisamos melhorar ou manter. Não tem segredo.
Estratégia: Você tinha mais dificuldades em alguma disciplina? Quais? Como você fez para superar estas dificuldades?
Ígor: Nossa! Língua portuguesa para concursos é bem pesada! Foi uma longa jornada ficar bom nela. Mas ainda acho que é como uma casa que nunca ficará pronta.
Cada banca foca em um aspecto diferente. Muitas vezes existem interpretações bastante subjetivas e complicadas. É só pegar as últimas provas da FCC para se ter uma ideia. Essa é uma matéria que eu preciso estudar muito na semana da prova para ir bem.
É como se a forma de enxergar os detalhes precisasse estar na ponta da língua. Se eu ficar muito tempo (como 3 ou 4 dias), antes da prova, sem ver português, é provável que a nota despenque. Não gosto de dar sopa para o azar.
Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova? E véspera de prova: foi dia de descanso ou dia de estudo?
Ígor: Saí da prova do TRT2 (em São Paulo), no domingo anterior ao TRT15, achando que não havia feito a prova que eu gostaria e fiquei muito bravo. Voltei de São Paulo dirigindo e sentindo que ia ficar doente.
Passei a semana toda com gripe, mas tentando estudar o máximo que aguentava. Na véspera da prova estava muito mal, com febre. Pensei: Deus só pode estar querendo me testar!
Passei a véspera da prova deitado e vendo aulão de revisão. Queria estar descansado no dia da prova, pois sabia que não estava fisicamente bem e se ficasse estudando muito na véspera, iria ficar mais quebrado ainda. Ver o aulão de revisão do Estratégia foi a saída.
Fiz a prova mal fisicamente, mas dei toda energia que conseguia entregar naquele momento. Agradeci por não ter que fazer prova de AJAA à tarde, já que não abriram esse cargo, infelizmente, para a região de Ribeirão Preto.
Saí da prova acabado. Mas descobri que nosso corpo aguenta muito mais do que imaginava.
Estratégia: No seu concurso, tivemos, além das provas objetivas, as provas discursivas. Como foi seu estudo para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Ígor: Eu fiz um curso de discursivas, para o TST, no final de 2017. Eu o utilizei para todos os TRT’s. Foi fantástico, principalmente as indicações de autores.
Tomei gosto pelo estudo de temas sociais, depois de fazer o curso de discursivas. Ler autores como Durkheim, Foucault, Dostoievski, Bourdieu, Bauman, entre outros, virou uma paixão.
Eu sempre gostei de escrever e acredito que isso seja uma coisa treinável. Para concursos, você precisa ter uma estrutura diferente. Mas a ideia de ser criativo sempre vai valer, mesmo que a banca lhe imponha certos limites e barreiras.
Eu comecei a seguir alguns caras que me ajudavam a ter subsídios para entender a realidade que o mundo passa atualmente e, assim, poder escrever bem. Como Pondé e Cristian Dunker, os quais me ajudaram a ter um raciocínio mais crítico.
Há uns dois anos, eu comecei a ler muito o jornal El País, que traz quase todo dia algum artigo “quente” sobre um tema filosófico ou social. Quando vi o tema da discursiva do TRT 15, lembrei na hora que eu tinha lido ele em um artigo do filósofo coreano Byung-Chul Han, no El País, ainda quando me preparava para o TST. Escrevi a redação com gosto e com propriedade.
Eu sempre gostei muito de ler e quando fiquei sabendo que precisava ler esse tipo de coisa para fazer boas redações, eu o fazia como se fosse um hobby. Descansava fazendo isso. É muito bacana esse tipo de entendimento da realidade que esses caras têm, ao meu ver.
Há algumas semanas comecei até a escrever um romance, de tanto que gostei de escrever na preparação para concursos. Mas esse é um assunto para um outro dia.. rsrs
Estratégia: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação (se é que houve), quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS?
Ígor: No começo, quando estudava para Receita Federal e BACEN, demorei para mudar o foco para Tribunais. Se tivesse mudado antes, teria passado mais rápido.
Nesse sentido, acredito que ter ido fazer provas e conhecido outros concurseiros me ajudaram a saber quais os próximos concursos e outras coisas desse tipo. Eu era muito alienado no começo. Não conhecia ninguém que prestava concursos. Hoje, vejo que ter contato com pessoas na mesma empreitada ajuda muito.
Não posso me queixar, no final de tudo, já que na cidade onde eu estudava (com menos de 10 mil habitantes), prestar concursos de alto nível ainda é algo MUITO fora da realidade, infelizmente.
Acredito que cada um precisa achar sua forma de transcender de sua realidade, de uma forma ou de outra. Se você puder se cercar de pessoas que podem te ajudar, a jornada é mais gratificante e, talvez, mais curta.
Estratégia: O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação? Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, como fez para seguir em frente?
Ígor: Sem dúvidas o que mais me deixou bravo, e ainda deixa, é a desorganização das bancas e do governo. Nunca sabemos quando serão os próximos concursos, muito menos quais serão. São muitas especulações e pouca vontade do governo em manter uma transparência mínima. Ainda por cima, há muito lobby de sindicatos e outras “raposas” que ganham em cima da esperança das pessoas.
Quando comparamos com exames vestibulares, os quais possuem uma regularidade anual, chega a dar inveja. Concursos públicos ainda precisam evoluir nesse sentido. Estamos praticamente na era das cavernas.
Não sei como funciona nos Estados Unidos ou na Europa. Mas acredito que se o governo pudesse dar uma satisfação mínima para as pessoas que estão se preparando para integrar seus quadros, dizendo: “olha, teremos COM CERTEZA os concursos x, y e z em 2019, e w, r e k em 2020”, eles teriam concurseiros menos ansiosos, que seriam depois funcionários mais preparado. E todos ganhariam.
Estratégia: Qual foi sua principal motivação?
Ígor: Principalmente realizar uma atividade profissional na qual eu fosse capaz de ajudar as pessoas. No serviço público é possível fazer isso, pois prestamos serviços à população.
O nome servidor não é à toa. Pensando nisso, acredito que seja importante a pessoa que presta concursos ter esse perfil. Você deve buscar melhorar as condições de vida da população, independente do seu cargo. É isso o que importa.
Outros atributos como a qualidade de vida no trabalho no setor público, sem aquele estresse comum das empresas, também foi um ponto importante.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso. Deixe-nos sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Ígor: Primeiro de tudo: não tenha pressa! Estude com calma e converse com quem está na mesma batalha.
Sem dúvida nenhuma, todos nós temos que acreditar na vitória, independente de qual seja a sua meta.
Eu acredito que vale muito a pena estudar para concursos devido à nossa capacidade de superar os obstáculos por meio do conhecimento. Sou bem suspeito para dizer, pois gosto muito de estudar. Pode ser que você tenha outros interesses, mas estudar é algo capaz de mudar a sua realidade. Desconfie de pessoas que pensem o contrário disso. Talvez, se eu não estudasse, estaria fadado a saber apenas o que o “senso comum” sabe ou a enxergar a realidade de uma forma MUITO mais restrita.
O mundo dos concursos me fez descobrir que existe muita gente talentosa, esforçada e brilhante no Brasil. São pessoas que correm atrás das oportunidades com unhas e dentes.
Somos movidos pelos nossos desafios. Acredito que todos nós somos capazes de conseguir o sucesso se fizermos isso de corpo e alma.
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Abraços,
Thaís Mendes