“Lembrem-se: quem passa são pessoas normais, iguais a mim e a vocês. Persistam e acreditem em vocês, porque, tenho certeza de que vocês vão estar aqui um dia dando a mesma entrevista. Só não passa quem desiste.”
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam te conhecer melhor. Você é formada em que área? Qual sua idade? De onde você é?
Marcela Carvalho: Olá, pessoal, é com imenso prazer e enorme gratidão que escrevo esse depoimento. Há não muito tempo atrás, era eu quem estava do outro lado, lendo e me motivando com a história dos colegas. Espero que possa ajudar de alguma forma na caminhada de vocês. Meu nome é Marcela, tenho 38 anos, formada em Direito, sou mineira de Itajubá, mas atualmente moro em Jundiaí – São Paulo, e fui aprovada para o cargo de Agente de Fiscalização do TCE-SP, que corresponde ao cargo de Auditor de Controle Externo.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Marcela: O que me motivou a estudar foi o fato de que, se eu me dedicasse, só dependeria de mim para conseguir um bom cargo público, não dependeria de indicações ou favores. Ao longo do tempo, e foi uma longa caminhada, rsrs, essa motivação foi sendo alterada. Eu me encantei com a ideia de ser servidora e fui motivada por querer contribuir de alguma forma com o nosso país. Temos que ser a mudança que queremos no mundo.
Estratégia: Durante sua caminhada como concurseira, você trabalhava e estudava (como conciliava trabalho e estudos?), ou se dedicava inteiramente aos estudos para concurso?
Marcela: Essa é uma pergunta interessante, pq não trabalhava fora, mas tinha uma rotina intensa em casa. Sou mãe de dois meninos lindos e não tenho parentes por perto. Portanto, dividia o tempo entre estudos, filhos, marido e cuidados com a casa. Essa foi a parte mais dura de toda essa jornada. Conciliar família e estudos exige muito jogo de cintura e paciência. No começo queria que os meus filhos não sofressem com a minha ausência, mas acabei com isso alongando demais minha jornada. Isso fez com que eles acabassem sofrendo ainda mais. Demorou um tempo até perceber que precisava tratar os estudos como um trabalho. Assim, estudava na parte da manhã, enquanto eles estavam na escola, à noite, quando meu marido chegava. E, nos últimos 08 meses antes da prova, inclusive aos fins de semana.
Estratégia: Quantos e em quais concursos já foi aprovada? Qual o último? Em qual cargo e em que colocação?
Marcela: Esse foi o primeiro concurso em que fui nomeada. Fiquei bem classificada no concurso para auditor fiscal de Jundiaí, minha cidade, que foi homologado em 2018 e bati na trave em vários outros concursos da área fiscal. Fiquei por 03 questões no último ICMS-SP, 01 questão no ISS-SP e caí na segunda fase da controladoria do município de São Paulo, em 2015.
Estratégia: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados/classificados(as)?
Marcela: Como boa corinthiana, tinha que ser sofrido até o final. A prova do TCE foi regionalizada, então, apesar de haver 97 vagas, eram apenas 49 vagas para a capital. Fiquei em 64 pra capital e 84 na lista geral. Portanto, fora das vagas. Tinha a esperança de ser chamada, porém mais para o fim deste ano. Foi uma surpresa muito grande, quando, na véspera do feriado de 15 de novembro, recebi o e-mail de convocação. Achava que ia gritar e vibrar de alegria, mas literalmente congelei por uns minutos. A sensação maior é de alívio, instantaneamente senti uma tonelada sair das minhas costas. Depois confesso que chorei muito, agora de felicidade.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social?
Marcela: Houve várias fases do meu estudo. Como comentei, foi uma longa jornada. Ao todo, foram 05 anos de efetivo estudo. Inicialmente, estudava durante semana, mas não aos fins de semana. Durante a caminhada, fui entendendo que tinha que me dedicar mais. Enquanto não tinha edital na praça, conseguia manter um equilíbrio maior, tirando um tempo pra ficar com as crianças. Acho essencial pra nossa saúde mental, que tenhamos um tempo longe dos livros. Contudo, posso dizer, sem errar, que muito da aprovação foi conseguida no pós-edital. É ali que você tem que dar tudo o que você tem. No pós-edital, estudava quase todo o tempo que tinha livre. Nessa parte, tenho que agradecer a vocês do Estratégia. Escutava as aulas enquanto fazia supermercado, cuidava da casa, dirigindo. Até enquanto tomava banho, tinha uma aula rodando. Estudar pra concurso não é pra gente normal.. rsrs
Estratégia: Sua família entendeu e apoiou sua caminhada como concurseira? Se sim, de que forma?
Marcela: Sou casada e tenho dois filhos. Quando comecei a estudar, meu filho mais velho tinha 8 anos e meu mais novo apenas um aninho. Hoje eles têm 18 e 10, respectivamente. Se eu falar que eles entenderam totalmente no começo eu estaria mentindo. Eu sabia que eles me queriam o tempo todo por perto. Mas eles foram entendendo e no final da minha jornada, tive o apoio incondicional deles. Pra quem sofre pressão dos pais ou familiares eu digo que quando decidimos por esse caminho, ninguém vai entender, se não passou por isso, o quanto estudar é cansativo, que muitas vezes vamos chegar à exaustão, que o corpo todo dói, que dormimos pouco e a pressão que colocamos em nós mesmos é enorme. E sabe por que ninguém vai entender? Porque essa foi uma escolha nossa e cabe a nós nos responsabilizarmos por ela. Quando entendi que meus filhos e meu marido não tinham que entender e que eu tinha que assumir essa responsabilidade, foi libertador, porque eu parei de cobrar deles apoio e o apoio veio naturalmente. E quanto mais eles perceberam que eu estava levando a sério, estudando pra valer, mais eles me ajudavam com a casa ou resolviam as coisas, sem me interromper. Quero aqui agradecer aos meus filhos, Henrique e André e a meu marido, Nilson, vocês foram essenciais na minha caminhada.
Estratégia: Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior? (Se esse ainda não é o concurso dos seus sonhos, se possível, citar qual é se pretende continuar se preparando para alcançar esse objetivo)
Marcela: Diria que depende. Eu sempre estudei pra área fiscal, no início para Receita Federal e depois meu foco era ICMS-SP. A área fiscal nos dá um leque bem amplo de disciplinas, são quase 18 matérias diferentes. O foco é essencial para a aprovação no concurso. Eu conheci a área de controle e simplesmente me apaixonei. Por isso, já queria migrar e quando o concurso do TCE apareceu, agarrei com unhas e dentes, rsrs. Esse era meu concurso dos sonhos.
Então, se o seu concurso dos seus sonhos está autorizado, mantenha o foco e tente não desviar. Agora, se você não tem previsão de concurso, está precisando começar a trabalhar e o concurso da outra área tem matérias parecidas, acho que vale a pena, sim. Até para trazer uma tranquilidade e testar seu desempenho na prova. Concurseiro tem que fazer prova!
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao concurso que foi aprovada?
Marcela: Para o TCE, apenas 3 meses antes da prova, lembrando que eu já tinha uma boa base na maioria das disciplinas.
Estratégia: Chegou a estudar sem ter edital na praça? Durante esse tempo, como você fazia para manter a disciplina nos estudos?
Marcela: A maior parte dos meus estudos foi sem edital na praça. E a palavra de ordem é disciplina mesmo. Estudar pra concursos hoje exige profissionalismo. Temos que entender que a aprovação é construída nesse momento. Seu estudo é seu trabalho, não importa se é o único ou o segundo trabalho.
Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? Aulas presenciais, telepresenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas? Quais foram as principais vantagens e desvantagens de cada um?
Marcela: É mais fácil perguntar o que eu não usei nos meus estudos, rsrsrs. Já usei de tudo. No início dos estudos, mais videoaulas e aulas telepresenciais. Conforme fui amadurecendo nos estudos, utilizava apenas os PDFs, os áudios de algumas disciplinas e muitas, mais muitas questões. Fiz mais de 10.000. É isso que vai te aprovar.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Marcela: Conheci o Estratégia no início da sua fundação, em 2011/12, pelo fórum concurseiros. Acho que passei por uns 3 pacotes. Rsrs
Estratégia: Uma das principais dificuldades de todo o concursando é a quantidade de assuntos que deve ser memorizada. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso? Falando de modo mais específico: você estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas? Costumava fazer resumos? Focava mais em exercícios, ou na leitura e releitura da teoria? Como montou seu plano de estudos? Quantas horas por dia costumava estudar?
Marcela: Nós concurseiros somos ansiosos por natureza, queremos sair de um pdf sabendo tudo e não esquecendo nem de uma vírgula. Rsrsrs Porém, temos que entender que o conhecimento é construído em camadas. O que vai nos fazer memorizar o conteúdo é a repetição, seja através dos resumos, seja por questões. No início, a gente vai ficar mais na teoria, mas vai chegar um tempo em que você vai ficar a maior parte do tempo fazendo questões. Portanto, recomendo estudar por ciclos, montar um planejamento de revisões e fazer milhares de questões. Eu comecei com 06 matérias por ciclo, mas já cheguei a ter 12 matérias no final dos estudos.Assim, o conhecimento é consolidado de uma forma natural. Pode me perguntar o CTN de trás pra frente, que, pelo menos os principais artigos, eu vou saber, de tanto que eu li o mesmo artigo.
Meus resumos eram grifos no pdf. Nos primeiros anos de estudo, grifava tudo, era pior que lista telefônica. rsrs Com o tempo você vai aprendendo a grifar. No final, eu já sabia o que era mais importante e, como estudava por tablet, ia apagando o que já tinha memorizado. Para planejamento de estudos, ciclos e como grifar, recomendo os vídeos do Estratégia, principalmente, os vídeos do Luís Eduardo, que entende como poucos sobre concursos. Sobre quantas horas de estudo, variou bastante, mas em média de 5 a 7 horas líquidas.
Estratégia: Você tinha mais dificuldades em alguma(s) disciplina(s)? Quais? Como você fez para superar estas dificuldades?
Marcela: Sim, principalmente economia e estatística, quando fiz provas pra área fiscal. Minha dica é: insista. Não é num primeiro contato que vamos sair sabendo a matéria. Se depois da segunda lida no pdf, não conseguia entender muito bem, eu partia pra uma vídeo aula. Se mesmo assim, eu continuasse patinando, trocava de material. Hoje, o nível dos concursos está cada vez mais alto, portanto, recomendo não deixar nada de lado, a não ser que você não tenha muito tempo e o custo-benefício da matéria seja baixo, como alguns pontos de estatística ou assuntos que não são muito cobrados. Para isso, existe o Passo Estratégico, que te dá um norte muito bacana. Se você não pode pagar, recomendo que vá ao seu site de questões, monte cadernos da banca e ali conseguirá ter uma ideia do que a banca mais gosta.
Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova? E véspera de prova: foi dia de descanso ou dia de estudo?
Marcela: Estressante é um bom adjetivo. Minha reta final foi intensa, cheguei a estudar vários dias por 10 horas líquidas. Mas isso não aconteceu do dia pra noite. Não comecei estudando isso. Fui aumentando aos poucos. Comecei com 6, 7. O corpo e o cérebro acabam se habituando. Fazia mais de 200 questões por dia e lia mais de 100 folhas de pdf. Minha base foi toda do Estratégia, com o TEC concursos. Véspera e dia de prova pra mim é dia de estudo, mas isso é muito pessoal. Fiz um aulão na véspera e, no dia da prova, levei a lei orgânica do TCE e alguns poucos detalhes decorebas escritos num resumo.
Estratégia: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação (se é que houve), quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS?
Marcela: Erros foram muitos. E espero que os colegas não cometam os mesmos erros. Demorei muito pra entender como estudar certo. No meu início, não existia coaching ou mentoria. Não planejava os estudos, estudava uma matéria por vez, revisar?! Nem pensar, achava que era perda de tempo. Estudar aos fins de semana era raro. Estudava alguns dias, outros dias não. Fiquei longos períodos sem estudar, porque estudava muito e depois não aguentava. Enfim, cometi todos os erros possíveis. Rsrs
Meu maior acerto foi acreditar que era possível. Eu sabia que conseguiria, mais cedo ou mais tarde. Não tinha plano B. Sabia que só pararia, quando fosse aprovada.
Estratégia: O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação? Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, como fez para seguir em frente?
Marcela: O mais difícil foi falar não aos meus filhos. Isso foi o que mais doeu. Mas sabia que iria valer a pena. Não cheguei a pensar em desistir, mas, no final, comecei a questionar se eu estava no caminho certo. Mas existia uma vozinha, lá dentro, que me falava pra continuar, que eu precisava persistir.
Estratégia: Qual foi sua principal motivação?
Marcela: Minha maior motivação ao final foi mostrar, de fato, com o meu exemplo, para os meus filhos, que, se a gente quer alguma coisa, com todo o nosso coração, a gente vai até o fim, não importa quanto tempo vai levar ou quantas vezes vamos cair. O importante é que vamos levantar mais fortes e recomeçar corrigindo os erros e mantendo os acertos. Assim é nos concursos, assim é na vida. Seja grato à sua caminhada, porque, por mais difícil e demorada que ela seja, vai te fazer mais forte.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso. Deixe-nos sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Marcela: Em primeiro lugar quero dizer que tudo o que disse funcionou pra mim. Não existe um método único. O que funciona pra mim, pode não funcionar para você. Recomendo testar por um tempo e depois avaliar se aquilo melhorou seu estudo e rendimento de alguma forma. Dito isso, existem, sim, algumas coisas que funcionam para todos.
Se você está iniciando, meu conselho é que comece do jeito mais certo possível. Existem vídeos excelentes de professores do Estratégia, que vão te dar o caminho das pedras. Porém, se eu pudesse apontar o que é mais importante, diria pra estudar por ciclo, fazer o máximo de horas que você puder (podem ser 3 ou 10 horas, o que importa é fazer o seu máximo), ter um bom método de estudo e fazer muitas, mas muitas questões.
Agora gostaria de falar com os colegas que estão na luta, há 3, 4 ou 5 anos e que estão, assim como eu estava, duvidando se esse projeto vai dar certo. Posso dizer que vai, não desistam, continuem se esforçando, dando o seu melhor, que sua prova vai chegar. Cuidem da sua saúde, física e, principalmente, mental. Encontrem pessoas que acreditem em vocês e te apoiem. Hoje existem vários grupos de estudos no Facebook ou WhatsApp. (mas não é pra passar muito tempo lá, rsrs). Separem 30 minutos do seu dia para vocês. Eu meditava e assistia a alguns vídeos motivacionais. Isso é o combustível que vai te fazer continuar estudando.
Tenham um porquê forte. O que vai fazer você continuar, quando todo mundo pararia? Pode ser sua família, a vontade de viajar o mundo, ter o sossego de não ficar desempregado, não importa. O que importa é que ele seja forte o bastante. E lembrem-se: quem passa são pessoas normais, iguais a mim e a vocês. Persistam e acreditem em vocês, porque, tenho certeza de que vocês vão estar aqui um dia dando a mesma entrevista. Só não passa quem desiste.
Quero finalizar agradecendo a toda a equipe do Estratégia concursos, pelo material e pelo canal no YouTube, que me ajudaram bastante. Vocês transformam vidas.
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