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Como fazer revisões: Conheça diferentes métodos de revisões – Parte I

Olá, galera, tudo bem? No último artigo publicado sobre como estudar TI para área fiscal, nós, do Estratégia, nos vimos com problema sério: Como falar de revisões em apenas alguns parágrafos se o conceito de como fazer revisões abrange um mundo de informações por si só?

Dessa maneira, decidimos fazer um artigo completo focado em como fazer revisões. O assunto será dividido em duas partes: Um estudo sobre como funciona a nossa memória; e como utilizá-la ao máximo através de técnicas e métodos de revisão.

Primeiramente, se você não confia em revisões, não precisa se apegar a estudos técnicos e gráficos estatísticos para começar a acreditar nelas, veja vídeos de aprovados em concursos, vestibulares, etc. Revisão é cerne do aprendizado, não consigo destacar suficientemente a importância dessa parcela do estudo para sua memorização.

Dito isso, e pela importância que técnicas de estudos bem aplicadas possuem (leitura otimizada, resolução de exercícios direcionados, ciclo de estudo bem desenvolvido, REVISÕES bem feitas, etc.), uma semana de estudo realizada por um concursando de alta performance pode ter o valor de mais de um mês de estudos de um aluno que não aplica técnica alguma.  Tenha isso em mente ao ler esse artigo! A importância de como fazer revisões é enorme.

Como nossa memória funciona

Curva de esquecimento
Curva de esquecimento

Para entender por que utilizamos certas técnicas e métodos de revisão é importante entender como nossa memória funciona. Apresentamos um gráfico que representa a curva de esquecimento, desenvolvida em um estudo realizado pelo psicólogo alemão Herman Ebbinghaus.

Consideremos a primeira vez que você viu certo assunto na vida (Ponto A). Com o passar dos dias, você vai esquecendo o que viu e apenas parcela do que foi estudado fica em sua memória de longo prazo. Dessa maneira, em cerca de dois dias, você já esqueceu mais de 50% do assunto recém estudado.

Isso faz todo sentido, se você ler 50 páginas de física quântica (algo que você provavelmente nunca viu), você não lembrará nem mesmo de 20 das 50 páginas do assunto, caso não revise nada.

Caso você, um dia depois de ter lido pela primeira vez esse assunto, volte a relê-lo, (ponto C), sua capacidade de absorção do assunto aumenta consideravelmente.

Ainda, se continuar revisando (pontos D e E) você aumenta muito sua capacidade de retenção de conteúdo.

Obviamente, pelo tamanho dos editais de concursos, não podemos nos dar ao luxo de estudar o mesmo durante diversos dias. Dessa maneira, apresentaremos alguns métodos de revisão que podem ser usados com diversas matérias de uma vez.

Métodos de revisão x Técnicas de Revisão

Apenas para esclarecimento, consideraremos “métodos de revisão” como a maneira que a revisão se divide ao longo da semana de um aluno
(divisão macro). Por exemplo, se ele revisa todos os dias, semanalmente, pelo método 4.2, etc.

De outra forma, as “técnicas de revisão” serão consideradas as maneiras que o estudante irá estudar novamente um assunto que já foi visto. Por exemplo, revisão por grifos, resumos do professor, lista de questões, passo estratégico, etc.

Métodos de revisão

Os métodos de revisão não são tão numerosos quanto as técnicas de revisão disponíveis. Nessa primeira ideia de como fazer revisões, dividiremos os métodos de acordo com nível dos concursandos. Alunos avançados lidam melhor com certos métodos, enquanto os iniciantes possuem mais facilidade com outros.

Como aprenderemos “métodos de revisão”, é interessante dizer que uma boa revisão utiliza de 15% a 33% do tempo total de estudo. A minha recomendação particular é que quanto mais iniciante, maior seja esse número, desde que o estudo não acabe sendo frustrante demais (quanto mais revisões, mais devagar é o andamento do estudo). Eu não reduziria o estudo a menos de 20% do tempo em quase nenhuma hipótese, exceto para quem estiver muito avançado.

Eu, Julio, durante a minha aprovação para o Fisco de SC estudava cerca de 10h líquidas por dia e, dessas 10h, 2h eram revisões. Eu utilizava uma variável do método 24h, 7d, 30d (que apresentaremos logo a seguir).

Método 24hm 7d, 30d

Neste método, a pessoa estuda uma determinada matéria. No dia posterior (24h depois) deve revisar essa matéria. 7 dias depois do estudo inicial, ele fará uma nova revisão da matéria. Essa revisão deve ser um pouco mais curta, já que os itens dela devem ser mais selecionados. Finalmente, em 30 dias, uma nova revisão bastante rápida do assunto estudado deve ser feita, para garantir que ele está em sua memória de longo prazo. Repetição é o nome do jogo.

Para explicar esse método, vamos considerar o estudante Joãozinho.

Exemplo de revisão de estudante - método 24/7/30
Exemplo de revisão do estudante Joãozinho – método 24/7/30

Primeira etapa – revisão de 24 horas

Joãozinho estuda, por exemplo, Princípios Fundamentais no dia 01/01/20. Já no dia 02/01/20 ele estuda uma parte da lei 8.666 de Administrativo. No dia 02/01/20, ele terá que, além de estudar a 8.666, guardar certa parcela do dia (15%-33%) para estudar os Princípios Fundamentais.

Segunda etapa – revisão de 7 dias

No dia 07/01/20, 6 dias depois do primeiro estudo, suponha que ele irá estudar regência verbal (além da revisão de 24 horas que deve ser feita por ele da matéria referente ao estudo do dia anterior e que não está colocada nesse exemplo para simplificação). Já no dia 08/01/20, ele estudará regra de três. Assim, nesse dia 08/01/20, ele deve se organizar para estudar:

                Regra de três – pela primeira vez;

                Revisão de 24h de regência verbal;

                Revisão de 7 dias de Princípios Fundamentais.

Fizemos também a suposição de que dia 23/01/20, nosso aluno estudou Responsabilidade civil do estado e que no dia 29/01 vai estudar controle de constitucionalidade. Obviamente, nesses dias, ele também fará suas respectivas revisões de 24h e de 7d, mas não colocaremos aqui para simplificação do exemplo.

Terceira etapa – Revisão de 30 dias

Seguimos para o dia 30/01. Nesse dia, nosso querido Joãozinho está iniciando Regência nominal, portanto nesse dia, ele vai ver os seguintes assuntos:

             Regência nominal – pela primeira vez;


             Revisão de 24h de controle de constitucionalidade;


             Revisão de 7 dias de Responsabilidade civil do estado;


             Revisão de 30 dias de princípios fundamentais.

Dessa maneira, nosso guerreiro, no dia 30/01, entra em “regime permanente” de revisões. Todos os dias, a partir desse dia 30, ele deve tirar o dia para estudar certo assunto, revisar seu conteúdo do dia anterior, da semana passada e do mês passado.

Como fazer todos esses ajustes?

Organização é a resposta. Tenha um ciclo de estudos bem definido, abuse do Excel para se organizar. Isso pode parecer, num primeiro momento, tomar muito tempo do concursando, mas o preço pago é MUITO menor que a recompensa de se ter um estudo limpo e organizado.

Esse tipo de revisão é difícil para quem é iniciante. Por isso muitos alunos se frustram com ele, mas não esqueça que ele é extremamente eficaz se for bem desenvolvido, especialmente para alunos avançados.

Alunos iniciantes

Para os iniciantes, devemos levar em consideração, na curva de esquecimento, que, no dia 01/01/20, será a primeira vez que certo assunto é visto. Dessa maneira, quanto antes ocorrer a revisão dessa matéria, melhor será a absorção. Ou seja, o foco dos novatos deve se dar nas revisões de 24h e de 7 dias, uma vez que eles possivelmente esquecerão muito rapidamente o conteúdo (vide curva de esquecimento).

Alunos avançados

Os avançados podem utilizar diversas variáveis do método. Eles podem pular a revisão de 24h se já souber bem o assunto, e fazer revisões de apenas 7d e 30d.

Dessa maneira, eles fazem uma revisão de médio prazo, já que possuem poucas novas informações a gravar e, em 30 dias, testam se essas informações foram bem concretizadas.

Outra alternativa, no caso do concurseiro avançado, seria fazer uma única revisão de 15d (esse prazo pode variar de 10d a 20d dependendo da disponibilidade da pessoa) se estiver num pós-edital com muitas matérias e com o tempo curto (considerando que ele conhece bem o conteúdo).

Em minha experiência, eu fazia apenas revisões de 15d no pós-edital do ICMS SC para as matérias tradicionais e seguia o método 24/7/30 para as matérias que nunca tinha visto (SC teve um edital com muitas matérias inéditas).

Já nos pré-editais, nos anos iniciais de estudo eu utilizava o 24/7/30 fielmente e, depois de muita experiência, passei a seguir uma variação em que eu fazia apenas as revisões de 7 dias e 30, pulando a revisão de 24h.

Esse método tem muita flexibilidade para quem estiver avançado, portanto, eu o recomendo.

Método de revisão 4.2

No método 4.2c criado pelo professor Rafael Barbosa do Estratégia, será feita uma revisão semanal do conteúdo. Esse método simplifica em muito a organização dos estudos.

Expliquemos: De segunda a quinta-feira, estuda-se normalmente matérias novas, sem fazer revisão alguma. Chegando a sexta-feira, haverá apenas revisões a serem feitas, sem o estudo de conteúdo novo algum. O aluno seleciona, na sexta-feita, quais foram as matérias estudadas na segunda e na terça e as revisa. Já no sábado, ele revisa as matérias estudadas na terça e quarta feira, completando a revisão dos 4 dias de estudo de conteúdo novo.

Como dito, esse método facilita muito a organização do estudo. Podemos ver a simplicidade dele na própria explicação de como ele funciona.

Alunos iniciantes

Para estudantes iniciantes, essa pode ser a salvação de suas revisões. Muitos concursandos se perdem com o 24/7/30 e acabam deixando as revisões de lado por completo. Com o 4.2, o estudante tem uma ideia muito boa do que exatamente irá ser revisado, facilitando sua organização. Além disso, possuindo dias específicos para revisão, a pessoa acaba tendo maior dificuldade em “pular” as revisões (muitos alunos deixam de revisar, simplesmente pulam a revisão e estudam coisas novas). Isso gera consistência na aplicação das revisões.

 Alunos avançados

Quem estiver avançado nos estudos tem menos a ganhar com esse método (apesar de continuar sendo útil). Esse grupo de pessoas, já possui muita experiência em revisões e sabe da importância delas. Dessa maneira, acaba não tendo o costume de pular revisões e também tem mais facilidade com a organização delas.

Além disso, o aluno avançado tem a possibilidade de fazer variações do método 24/7/30 ao invés de estudar pelo 4.2 já que seu conteúdo está muito melhor consolidado.

Finalmente, caso o avançado opte por fazer esse tipo de revisão, ele pode seguir uma variação da 4.2 que seria a 5.1, onde ele estuda 5 dias de matérias novas e revisa apenas 1 dia por semana. Isso dá uma porcentagem de revisão de apenas 16,7% do tempo de estudo total, portanto, é recomendável que essa escolha seja feita cautelosamente.

Perceba que existem diferentes formas de aplicação desses métodos de como fazer revisões.

Conclusões dos métodos de revisão

Como vimos, temos 2 grandes grupos de como fazer revisões, mas cada um tem certa flexibilidade e deve ser adaptado ao concursando, considerando seu nível de experiência, capacidade de organização, disciplina, entre outros.

Se você estiver em um pré-edital e pode se dar ao luxo de testar métodos, eu testaria cada um deles e verificaria quais deles você tem maior adaptabilidade.

Uma vez definido bem seu método, não esqueça que é interessante aproveitar novas oportunidades. Por exemplo, se você está utilizando o 4.2 e está funcionando bem para você, mas percebe que está muito avançado no assunto, não se esqueça de sair de sua zona de conforto e tentar variações dele (testar o 5.1, tentar uma revisão de 7 e 30 dias, ou uma variação destes).

Ademais, vemos que estudar para concursos demanda autocrítica. Ver o que está dando certo, o que está dando errado, mas precisa ser melhorado e, ainda, o que parece que está dando certo, entretanto pode ser otimizado através de outros métodos.

Finalizamos esse artigo com a primeira parte dos métodos e técnicas de como fazer revisões. Em outro artigo, traremos as técnicas de estudo aplicadas a revisões.

Um abraço!

Julio Furlanetto.

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Veja os comentários
  • A matéria foi realmente muito boa para me dar um norte nesse trajeto tão difícil de estudos. Obrigado!
    Giovani em 09/06/20 às 19:28
  • É difícil colocar um número fixo de revisões. O ideal é continuar revisando até a aprovação. Até por que, um pós edital, nada mais é do que uma revisão
    Julio Furlanetto em 04/12/19 às 16:05
  • Uma vez que você termina a matéria, você irá reiniciá-la, fazendo novamente todo o ciclo de revisões. Estudar é um processo iterativo onde cada iteração tem um pouco de melhora em suas pontuações. Se houver muita dificuldade, recomendo sim que seja feita uma nova revisão do assunto, mesmo antes de acabar o conteúdo todo da matéria.
    Julio Furlanetto em 30/10/19 às 20:57
  • Olá Júlio, boa tarde, obrigada por seu artigo, foi muito útil. Sou aluna iniciante e acredito muito nesse método de revisões porque considero que minha memória não é das melhores e tem muitas matérias que nunca estudei na vida, como as de direito. Mas tenho uma pergunta sobre o Método 24hm 7d, 30d - depois de realizar essas 3 revisões, de uma matéria qualquer, não preciso mais fazer nenhuma revisão dessa matéria, é isso? ou seja normalmente 3 revisões seriam suficientes para eu consolidar meu conhecimento sobre a matéria. Pergunto isso para planejar meus estudos. Estou estudando pela Trilha 0 a 70% do TJ-RJ que ainda não saiu Edital, mas pelas notícias, não deve demorar muito a sair...
    Debora Ribeiro em 27/10/19 às 15:14