Artigo

Casa dos Contos – questão ENEM 2015

Olá, amigos e alunos! Tudo bem?

O ENEM trouxe uma bela questão em 2015 que monta um diálogo interessante entre duas épocas bem distintas da nossa cultura artística. O candidato precisa estar atento para entender a profundidade da análise proposta em questões desse tipo para não errar!

Vejam só:

Casa dos Contos

& em cada conto te cont
o & em cada enquanto me enca
nto & em cada arco te a
barco & em cada porta m
e perco & em cada lanço t
e alcanço & em cada escad
a me escapo & em cada pe
dra te prendo & em cada g
rade me escravo & em ca
da sótão te sonho & em cada
esconso me affonso & em
cada claúdio te canto & e
m cada fosso me enforco &

ÁVILA, A. Discurso da difamação do poeta. São Paulo: Summus, 1978.

O contexto histórico e literário do período barroco-árcade fundamenta o poema Casa dos Contos, de 1975. A restauração de elementos daquele contexto por uma poética contemporânea revela que:
A) a disposição visual do poema reflete sua dimensão plástica, que prevalece sobre a observação da realidade social.
B) a reflexão do eu lírico privilegia a memória e resgata, em fragmentos, fatos e personalidades da Inconfidência Mineira.
C) a palavra “esconso” (escondido) demonstra o desencanto do poeta com a utopia e sua opção por uma linguagem erudita.
D) o eu lírico pretende revitalizar os contrastes barrocos, gerando uma continuidade de procedimentos estéticos e literários.
E) o eu lírico recria, em seu momento histórico, numa linguagem de ruptura, o ambiente de opressão vivido pelos inconfidentes.

Comentário: é muito importante perceber a ponte que o autor faz entre o Concretismo do século XX (estática de ruptura, quebra de palavras nos versos, uso de símbolos na poesia, etc) e a produção literária do século XVIII (barroco-árcade), com referência aos poetas envolvidos na Inconfidência Mineira.

O eu-lírico foi descrevendo em todo o poema a famosa “Casa dos Contos”. A casa – que dá título ao poema, o que já é a primeira dica para o estudante – é hoje um museu em Ouro Preto (antiga Vila Rica), Minas Gerais. No século XVIII, a construção servia para o recolhimento dos impostos, depois foi a Sede da Administração e Contabilidade Pública da Capitania de Minas Gerais (então chamada de Casa dos Contos), em 1879. O imóvel histórico serviu também de prisão para os Inconfidentes, entre eles Cláudio Manoel da Costa, citado ao final do poema e que veio a falecer na casa durante a prisão. Ele foi encontrado enforcado aparentemente tendo cometido suicídio.
Podemos confirmar a descrição da “Casa dos Contos” nos seguintes trechos: “… em cada porta…”, “… em cada arco…”, “… em cada porta”…, “… em cada fosso…”. Confirmamos ainda a presença do inconfidente e de sua morte trágica “… em cada Claudio…”, “…cada fosso me enforco…”.

Diante disso, a alternativa E está perfeita, o poeta recria a partir de uma nova forma de fazer arte (concretismo) um momento histórico importantíssimo para nós: a Inconfidência Mineira.

A bela obra em padrão concretista é repleta de história e cheia de análises que só um estudante bem preparado conseguiria alcançar.

Conheça a “Casa dos Contos”, aqui pela foto e pessoalmente se puder!

Casa dos contos

GABARITO: E

Espero ter contribuído para o seu estudo!

Rumo ao ENEM!! Sucesso!

Abraço!

Rafaela Freitas.

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Veja os comentários
  • Análise excelente!
    Luiz Henrique em 03/10/19 às 11:59
  • Obrigada!!
    Rafaela Freitas em 29/04/16 às 20:07
  • Artigo Top! Parabéns professora!!
    Vinicius Silva em 28/04/16 às 19:43